ZIKA

Mães de bebês com microcefalia falam das dificuldades cotidianas

Neste sábado (22) pela manhã, famílias se reuniram em evento com festa e doações

Da editoria de Cidades
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Publicado em 22/10/2016 às 16:20
Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Neste mês, foi comemorado o primeiro Dia das Crianças da primeira geração de bebês com microcefalia associada ao zika. Para marcar a data, neste sábado (22) pela manhã, 319 famílias se reuniram na Escola Estadual Sizenando Silveira, no bairro de Santo Amaro, área central do Recife, para celebrar. A grande festa foi promovida pela Missão Internacional de Proteção à Criança e ao Adolescente (MPCA), com ajuda de patrocinadores e uma rede de voluntários. Teve lanche, brincadeiras, contação de histórias e atendimento à saúde. Mães e pais também receberam doações, como fraldas descartáveis e leite. 

As 319 famílias, da capital a Belo Jardim, no Agreste, fazem parte da União de Mães de Anjos (UMA), uma associação formalizada que cuida e acolhe famílias de crianças com microcefalia vítima do vírus zika. Pernambuco tem hoje 390 crianças com a doença confirmada. A UMA está à frente das ações de busca por mais qualidade de vida e atua trabalhando a aceitação, o preconceito e o empoderamento da mulher. 

Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
Dia das Crianças para famílias de bebês com microcefalia - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Dia das Crianças para famílias de bebês com microcefalia - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Dia das Crianças para famílias de bebês com microcefalia - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Germana Soares, presidente da União de Mães de Anjos (UMA) - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem

DIFICULDADES

“Muitas vezes é um abraço, é um acolhimento, é uma palavra, uma informação. Quanto mais afastada da capital, mais carente de informações essas mães são”, explica Germana Soares, presidente da união. Ela detalha que as maiores dificuldades hoje são as incertezas. A cada dia, uma doença nova é atrelada à microcefalia. “As dificuldades cotidianas envolvem, por exemplo, questões de deglutição, irritação, espasmo pulmonar, convulsões”, relata.

Além disso, a dificuldade de atendimento, diz ela, é grande. “Aqui na capital, há mães que não fazem terapia nenhuma porque a fila de espera é grande, não há vagas. No interior, o processo é bem pior. Há crianças de um ano de idade que nunca passaram por uma consulta com um neuropediatra”, conta.

Os medicamentos são caros. Este mês, Germana e o marido gastaram R$ 488 só de remédios para Guilherme, o filho de 11 meses. “Isso sem contar com as dificuldades financeiras, porque muitas dessas mães tiveram que deixar de trabalhar”, lembra. O marido de Germana, pai de Guilherme, por exemplo, trabalhava no Complexo de Suape, Litoral Sul, e foi demitido no sexto mês de gestação. Há dois meses, ele conseguiu uma outra vaga de emprego.

A prioridade da UMA, até por questão de sobrevivência, é a saúde. “Já perdemos três bebês este ano porque não tinha UTI pediátrica para atender essas crianças. É um problema que atinge o Estado inteiro, mas é preciso haver o atendimento para pessoas com deficiência e que isso seja ampliado para o interior”, cobra Germana.

ESTADO

O governo do Estado, através da Secretaria de Saúde, lembra que o número de centros de referência para microcefalia saltou de duas unidades (Imip e AACD), em setembro de 2015, para 26 unidades, em agosto de 2016. Antes era preciso, para algumas famílias, percorrer 403 quilômetros para conseguir atendimento. Atualmente os serviços são alcançados com no máximo 50 km. Das 390 crianças diagnosticadas com microcefalia, um total de 93,8% conta com cadastrado de serviços de reabilitação.

O governo destaca ainda que 1,2 mil profissionais da assistência já foram capacitados em oficinas, atualização e fóruns sobre microcefalia, reabilitação e rede de urgência e emergência. E realizou este ano a maior convocação da saúde nos últimos 20 anos, com um reforço de mais de 2,8 mil profissionais.

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