O acesso à fertilização in vitro (FIV) ainda é escasso no Brasil, mesmo passadas quatro décadas do nascimento do primeiro bebê de proveta. O procedimento custa de R$ 15 mil a R$ 20 mil por cada tentativa e, além disso, as chances de sucesso da FIV são pequenas para alguns casais.
A tecnologia pode ter um papel importante para mudar essa realidade, já que agora podem ser indicados exames capazes de avaliar a possibilidade de a FIV dar certo. As mulheres acima dos 35 anos, que são as que mais recorrem ao processo, fazem parte do público-alvo da triagem genética pré-implantação – teste que é mais conhecido pela sigla PGT-A e que amplia as chances de a fertilização ter êxito.
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"Oferecemos o teste de triagem pré-implantação, realizado após ser feito o procedimento (FIV). Ou seja, a mulher já teve o óvulo coletado e fertilizado por um espermatozoide, com embriões prontos. Antes de serem implantados, checamos se a parte genética (do embrião) está saudável, a fim de melhorar a chance de fertilização bem-sucedida, que não leva a aborto”, explica o médico imunologista João Bosco Oliveira, diretor-executivo do Genomika Diagnósticos, laboratório de genética clínica localizado na Ilha do Leite, bairro da área central do Recife. A unidade oferece o método que analisa a quantidade de material genético dentro de embriões gerados por fertilização in vitro.
A triagem, segundo João Bosco, eleva para perto dos 70% a taxa de sucesso da FIV. “Aumenta-se a chance de uma só transferência resultar em gestação. Assim, diminui até o estresse de se tentar várias vezes a implantação do embrião”, frisa o médico.
O exame é recomendado principalmente para mulheres acima dos 35 anos, para aquelas que já sofreram abortos espontâneos no estágio inicial da gravidez, não tiveram êxito em outras fertilizações, tiveram casos de anomalias em gestações anteriores ou casais que apresentam infertilidade pelo fator masculino (parceiro infértil).
O PGT-A analisa o material genético do embrião antes de ser transferido ao útero, permitindo a escolha do que está livre de alteração cromossômica. O teste usa um moderno método de sequenciamento de nova geração de DNA, que permite a análise dos 24 cromossomos de forma bastante precisa, detectando ganhos ou perdas de material cromossômico. Ele é usado como etapa complementar da FIV.
Resultado
Após realizada a triagem, o resultado sai em até sete dias. Com o laudo, médico e paciente passam a saber detalhes sobre os embriões e quais deles devem ser transferidos. O Genomika também oferece outro exame, o teste pré-natal não invasivo, que usa amostra de sangue da gestante, que contém DNA placentário, para avaliar a chance de ocorrência de anormalidades cromossômicas no feto.