Foram embora a tosse, a febre, as manchas vermelhas espalhadas pelo corpo e as pintinhas da mesma cor no rosto. “Agora eu estou 100%, completamente recuperada”, conta a estudante Júlia Silva, 17 anos, uma entre os quatro adolescentes que participaram de uma excursão para Porto Seguro (BA), entre o fim de junho e início de julho, e tiveram confirmado o diagnóstico de sarampo. Moradora de Caruaru, Agreste de Pernambuco, ela tem como diferencial o fato de ser a paciente zero – como é chamado o primeiro doente a indicar a existência de surto e que faz autoridades de saúde analisarem a situação, além de reforçarem as equipes para garantir a investigação oportuna e adequada de pessoas que tiveram (ou têm) contato com o doente inicial.
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“Com a identificação, o setor de vigilância epidemiológica faz imediatamente uma busca ativa, com visitas de casa em casa, e desencandeia medidas de bloqueio (como a vacinação em todos os contatos). Foi o que aconteceu assim que se começou a acompanhar a paciente zero deste surto em Pernambuco. Isso foi determinante para adotar ações de controle”, diz o infectologista Paulo Sérgio Ramos, professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e pesquisador da Fiocruz Pernambuco. Ele acrescenta que, assim que Júlia adoeceu, apareceram com sarampo mais outros três adolescentes que participaram da excursão. Dessa maneira, foram implementadas estratégias para conter os casos.
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Para ter o diagnóstico da doença, Júlia precisou ir três vezes à urgência hospitalar. Dezessete dias depois que ela chegou da viagem, começou a ter uma tosse frequente. “Fui ao hospital, e disseram que era tosse alérgica. No dia seguinte, apareceram manchas leves no corpo. Retornei para atendimento. Informaram que seria alergia ao remédio e me deram outra medicação. Mas não fiquei bem.” Na madrugada, Júlia relembra que acordou com o corpo completamente manchado e febre alta. “Meu pai me levou em outra emergência, onde suspeitaram de rubéola e sarampo. A médica perguntou se eu havia saído de Pernambuco. E da excursão que participei, havia outros estudantes de São Paulo, onde há bem mais casos de sarampo.”
Cuidados
A jovem acrescenta que não precisou ficar internada no hospital. Fez os exames e seguiu o tratamento em casa. "Com tudo isso, veio a lição sobre a vacinação. Eu acho que não tomei a segunda dose (da tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola). Mas felizmente estou bem." A mãe de Júlia, a contadora Fúlvia Brito, 35, reconhece também a importância da imunização. "Não se pode tirar o olho do cartão de vacinas. O cuidado é essencial", diz Fúlvia, mãe também de uma bebê de 8 meses, que já está protegida. “Como foi liberada a vacina para crianças de 6 meses a menores de 1 ano, já levei ao posto. Durante o tratamento, Júlia ficou no Recife sob os cuidados da minha mãe, que é enfermeira aposentada. Nós permanecemos em Caruaru para não termos contato. Não adoecemos. Estamos todos bem. Júlia já voltou para casa e retomou todas as atividades na escola”, completa Fúlvia.