A 29ª edição do Festival de Inverno de Garanhuns (FIG) teve início quinta-feira (18) com a peça O Som e a Sílaba, no Teatro Luiz Souto Dourado. Ao contrário do ano passado, quando o festival começou marcado pela tensão causada pela retirada da peça O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu da programação, a abertura foi marcada por um clima de amenidade entre as figuras políticas presentes – o governador Paulo Câmara e o prefeito da cidade, Izaías Régis, trocaram afagos políticos – e o próprio público.
A abertura do FIG 2019, como manda o protocolo, contou com falas dos representantes do governo do Estado e da prefeitura, além da presença de Geralda Miranda, sobrinha de Jackson do Pandeiro, homenageado desta edição do festival. Terminados os trâmites do cerimonial, a atriz Alessandra Maestrini começou a interagir com o público, ainda nas coxias, requisitando que todos desligassem os celulares. Com bom humor, foi conquistando a plateia antes mesmo de entrar em cena.
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Quando ela e Mirna Rubim finalmente aparecem sob os holofotes, o espectador é convidado a imergir em um apartamento elegante onde duas mulheres muito distintas iniciam uma jornada de aproximação, autoconhecimento e de exercício da empatia. Na peça, Alessandra interpreta uma jovem com autismo e grande talento para o canto lírico que vai em busca de uma professora, interpretada por Mirna, em busca de aperfeiçoar seu dom, mas, acima de tudo, de exercitar sua sociabilidade a fim de parar de ser vista como “especial”.
Escrito e dirigido por Miguel Falabella, O Som e Sílaba é um espetáculo leve e refinado. As atrizes brilham e entregam trabalhos fortes de construção de personagem. Humor e drama estão balanceados e a plateia não passa imune às questões daquelas mulheres que, em um mundo que tenta exclui-las das mais variadas maneiras, lutam para sobreviver e ser felizes.
O musical foge do óbvio ao inserir números de canto lírico de uma forma que se tornem acessíveis aos mais variados públicos, sem que para isso precise recorrer a uma pasteurização dessas árias. Ambas as atrizes/cantoras têm vozes excepcionais e conseguem imprimir as emoções (ou, quando é necessário, a falta delas) em números cantados em outras línguas sem que isso comprometa o entendimento do público. Inclusive, a demanda pela peça foi tão grande que foi necessário abrir uma segunda sessão.
HOMENAGEM
A noite de abertura foi marcada ainda por um tributo a Luiz Vieira, que completaria 90 anos, na Catedral de Santo Antônio, onde durante o festival será realizada a programação em parceria com o Conservatório Pernambucano de Música. Lotado, o espaço recebeu um emocionante tributo com Altemar Dutra, Claudette Soares, Eliana Pittman e Márcio Gomes.
* O jornalista viajou a convite do evento