Teatro

Triologia do Feminicídio estreia no Teatro Hermilo Borba Filho

Dirigidas por Eric Valença, todas as peças são baseadas em histórias reais, pesquisas com vítimas de violência doméstica, delegadas e profissionais em centros de acolhimento

JC Online
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Publicado em 03/09/2019 às 16:02
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Dirigidas por Eric Valença, todas as peças são baseadas em histórias reais, pesquisas com vítimas de violência doméstica, delegadas e profissionais em centros de acolhimento - FOTO: Divulgação
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Pesquisas, vivência, encenação e a crueza da realidade. Tudo isso se interpela na concepção de cada espetáculo do projeto Triologia do Feminicídio. Com incentivo do Funcultura, através da Fundarpe, Secretaria de Cultura e Governo do Estado de Pernambuco, serão três peças que trazem à tona o universo de quatro mulheres e suas histórias: Aparecida, Triz e Coisas que Acontecem no Quintal.

As apresentações têm início nesta quarta (04) no Teatro Hermilo Borba Filho, e acontecem também nos dias 5, 11 e 12 deste mês. Todos os espetáculos serão apresentados, em sequência, no mesmo dia, começando às 19h, com ingresso a R$ 10 (cada espetáculo) acrescido da doação de um item de higiene pessoal. Toda a renda será revertida para compra de itens de uso pessoal e asseio para serem doados a mulheres encarceradas e crianças nascidas no sistema penitenciário de Pernambuco.

Dirigidas por Eric Valença, todas as peças são baseadas em histórias reais. Essa base ainda se estende para pesquisas com vítimas de violência doméstica, delegadas e profissionais em centros de acolhimento, que foram trabalhadas na formulação dos espetáculos. O desenvolvimento de cada uma das personagens, interpretadas pelas atrizes Gheuza Senna, Nínive Caldas, Laís Vieira e Tati Azevedo, nascem a partir disso.

ESPETÁCULOS

Em Aparecida – peça que dialoga frontalmente com o aspecto da morte –, por exemplo, foram levadas em conta pesquisas realizadas no Centro de Referência Clarice Lispector, na Delegacia da Mulher, através de boletins de ocorrências, e no IML. Já Triz, que traz uma dimensão mais psicológica da violência contra a mulher, foi fruto de conversas com psicólogas, assistentes sociais e advogadas. Por último, Coisas que Acontecem no Quintal, interpretada por Tati Azevedo, fez com que a atriz mergulhasse em pesquisas no Centro de Referência Clarice Lispector, na Igreja Universal do Reino de Deus e na Delegacia da Mulher. A peça traz três personagens: uma mulher trans, a Pastora Adélia e Mainha, uma parteira e rezadeira.

“É aquilo que nunca queremos encontrar ou o que temos e não queremos revelar. É a violência domesticada na alma da mulher desde seu nascimento. É uma herança com o manto da obrigação, da subserviência, de não ter vontade própria, de estar à margem da pobreza e da ignorância” comenta Tati.

Todas as apresentações cênicas circundam o drama do feminicídio. Cada personagem, encenação e fala diversificam as dimensões de abordagem do tema – independentemente da condição social, status e história de vida. São, sobretudo, relatos de mulheres que foram subjugadas, violadas, assediadas, exploradas, torturadas e perseguidas fisicamente, psicologicamente e moralmente. “Acreditamos que temos o dever de humanizar esse contexto e que será através da arte em forma de teatro que vamos alcançar um maior número de pessoas”, explica Eric Valença.

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