Artes Plásticas

Obra de Marianne Peretti finalmente é documentada em livro

A pesquisadora Veronique David esteve no Brasil especialmente para conhecer as obras de perto e colaborar com o projeto

Beatriz Braga
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Beatriz Braga
Publicado em 07/06/2012 às 6:17
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A pesquisadora Veronique David esteve no Brasil especialmente para conhecer as obras de perto e colaborar com o projeto - FOTO: NE10
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Do lado de dentro da Catedral de Brasília é possível ver o céu: metade arte, metade natureza. Ele é verde, amarelo, azul, branco e transparente. A transparência é, justamente, a dinâmica dos pássaros e das nuvens que, não satisfeitos com o ar livre, insistem em participar do fenômeno artístico do lado oposto do vidro. Quem visita o primeiro monumento criado na cidade-satélite, por Oscar Niemeyer nos anos 1950, tem uma sensação de transcendência. É a chamada “arte da luz” que, através de vitrais, humaniza as obras.

Se você, leitor, é recifense, certamente conhece a autora da monumental obra vitral na igreja brasiliense mais famosa.O seu nome é Marianne Peretti. Além de obras como o Palácio Jaburu, Memorial J.K, Panteão, o trabalho da artista está espalhado pelo Brasil. Mas a capital pernambucana é o seu reduto. Recife é um museu de Marianne em forma de cidade. Seus trabalhos estão em residências, hotéis, igrejas e espaços públicos.

Se o público geral não a conhece é porque, até agora, sua obra não foi documentada e, provavelmente, tão valorizada quanto merece. Até agora. Porque está por vir o Documento Marianne Peretti, fruto de uma união franco-brasileira que visa dimensionar o trabalho da menina dos olhos de Niemeyer. O livro, que conta com a colaboração de sete escritores, está em fase de captação de verbas, mas a produção já anda bem avançada.

Prova foi a visita de uma das mais renomadas pesquisadoras de arte vitral, Veronique David, engenheira do Ministério da Cultura da França, que esteve no Brasil, de 29 de maio a 5 de junho, para conhecer ao vivo as obras das quais ouvia falar. O resultado da viagem serve para o capítulo Os vitrais dos trópicos do documento, ainda sem previsão de ficar pronto.

“Eu trabalho com vitrais há mais de 40 anos e nunca vi trabalhos assim. Ela é única. Estou maravilhada tanto com a obra como com a personalidade da artista”, confessou ao relatar as surpresas da sua viagem. O clímax do encontro foi a ida das duas à catedral de Brasília. Os 2.240 m² de vitrais – incorporados ao espaço em 1988 – foram mais que suficientes para a convidada se apaixonar de vez pela assinatura de Marianne.

“Há uma satisfação para o espírito estar dentro do movimento dessas cores esplêndidas. É belíssimo”, conta pesquisadora, especializada em vitrais do século 20. “O vitral poderia ter descaracterizado a arquitetura, mas, ao contrário, ele a magnifica. Isso é exatamente o papel que o vitral deve ter”, explica.

Marianne teve uma ótima oportunidade de trabalhar com o arquiteto excepcional Oscar Niemeyer. Mas Oscar Niemeyer teve muita sorte de trabalhar com a intervenção artística de Marianne

Veronique David

Apesar de suas obras mais conhecidas serem os vitrais, o universo da artista não para por aí. São painéis com mais de um ponto de vista de observação, design de objetos (os “úteis e agradáveis”), esculturas, bronze e desenhos que vêem sendo produzidos em seu ateliê.

Leia mais na edição do Caderno C desta quinta-feira (6).

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