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Altos e baixos na abertura do 18º Cine PE: Festival do Audiovisual

O grande Hotel Budapeste agradou, mas os curtas pernambucanos decepcionaram

Ernesto Barros
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Ernesto Barros
Publicado em 27/04/2014 às 2:56
Felipe Ribeiro/JC Imagem
O grande Hotel Budapeste agradou, mas os curtas pernambucanos decepcionaram - FOTO: Felipe Ribeiro/JC Imagem
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A abertura do 18º Cine PE: Festival do Audiovisual, na noite deste sábado (16/04) correspondeu às expectativas, pelo menos em relação ao público. Apesar de não haver lotado todas suas poltronas do Teatro Guararapes, no Centro de Convenções, o afluxo de espectadores foi bastante bom.  A principal atração foi o pré-lançamento do longa-metragem O grande Hotel Budapeste, de Wes Anderson. 

Vencedor do Grande Prêmio do Júri do Festival de Berlim, realizado em fevereiro deste ano, o filme foi selecionado para iniciar a nova fase do festival pernambucano, que abriu suas mostras competitivas para filmes estrangeiros.  No entanto, O grande Hotel Budapeste foi exibido hors concours, ou seja, não concorre a prêmios.

A escolha, claro, foi muito boa. O filme é um delicia e o público curtiu com prazer a história que Wes Anderson adaptou de várias obras do escritor austríaco Stefan Zweig (ele se matou em Petrópolis, em 1942, após alguns anos de exílio no Brasil).

O filme é uma fábula sobre a sobrevivência de uma certa cultura europeia, desaparecida após os conflitos bélicos da primeira metade do século 20. A partir da história de um gerente de hotel, o rocambolesco Monsieur Gustave (Ralph Fiennes, excelente), Wes Anderson nos leva para uma época de muita vivacidade, onde saber de cor um poema era uma obrigação.

A trama do filme é cheia de circunlóquios, mas se concentra nas memórias de Zero Moustafa (F. Murray Abraham) e o período de sua adolescência como garoto de recados do Hotel Budapeste, sob o comando de Gustave. Mulherengo e aproveitador de senhoras idosas, o concierge se mete na maior confusão para reaver uma herança tendo ao seu lado o garoto Zero (Tony Revolori). Para diferenciar as duas épocas, Anderson rodou a parte histórica no formato 1.33, como os filmes hollywoodianos do passado. A parte do presente é normal, filmado com a tela grande.

Para interpretar os inúmeros personagens que cruzam o caminho de Ralph Fiennes e Tony Revolori, Wes Anderson recrutou um timaço formado por atores como Harvey Keitel, Tilda Swindon, Adrien Brody, Willem Dafoe, Jeff Goldblum, Mathieu Amalric, Jude Law e muitos outros. O grande hotel Budapeste só estreia nos cinemas no dia 26 de junho.

CURTAS

Já quanto aos curtas-metragens, principalmente da Mostra Pernambuco, a decepção foi grande. Os curtas Tesouro do Araripe: Os fósseis e a comunidade, de Tito Aureliano; Pontas de pedros e pedras, de Hermano Figueiredo, e Severo, de Danilo Baracho, se mostraram trabalhos amadores, realizados para serem exibidos nas comunidades onde foram feitos e olhe lá. Apenas dois filmes se salvaram. Rabutaia, de Brenda Lígia, se sobressaiu pelo interessante personagem que conduz o filme. E Au revoir, de Milena Times, já premiado em outros festivais, não causou mais surpresa, apesar de ser ótimo filme.

 

Para acabar de vez com a reputação do cinema pernambucano, a curadoria do Cine PE escolheu o inexistente No tiro do bacamarte... Explode a cultura pernambucana, de Xisto Ramos, para representar o Estado na Mostra Curta Brasil, em que o filme concorre com representantes de outros estados.  Quem viu os filmes pernambucanos exibidos na noite deste sábado deve achar que a produção local está entregue nas mãos de cineastas amadores. Lamentável.

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