EDUCAÇÃO

Da sala de aula também saem filmes

As escolas podem não só exibir os filmes, como produzi-los. E há diferentes projetos em Pernambuco voltados para isso

Karol Pacheco
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Karol Pacheco
Publicado em 20/07/2014 às 8:13
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As escolas podem não só exibir os filmes, como produzi-los. E há diferentes projetos em Pernambuco voltados para isso - FOTO: Foto: Divulgação
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Cinema combina muito mais com passionalidade do que com passividade. Sobretudo na adolescência, com toda a inquietude inerente a esta fase da vida, na qual os jovens desejam transpor as barreiras da observação. Por meio de suas fases de produção e finalização próprias, a linguagem audiovisual dá asas ao protagonismo e à criação. Dessa forma, estudantes outrora espectadores passam a realizar seus próprios filmes.

Sob este prisma, o produtor cultural e cineasta Marlom Meirelles criou os projetos Mídias Móveis e Documentando, ambos incentivados pelo Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura). O primeiro defende a ideia do cineasta Glauber Rocha de que “basta uma câmera na mão e uma ideia na cabeça” para se realizar um filme, tese que atualmente é ainda mais facilitada, sobretudo com o acesso às novas tecnologias. “Qualidade técnica não é mais o fator principal para a criação audiovisual. Com o Mídias Móveis, provamos que é possível fazer cinema até mesmo com câmera de celular”, conta Marlom. Ele acrescenta que a criatividade gera frutos positivos até no que diz respeito às relações sociais: “Vimos que saber usar a câmera do celular de maneira produtiva pode diminuir, inclusive, a incidência de casos de bullying virtual.”

 

Mídias Móveis - XV FestCine - #acabeideacordar from Eixo Audiovisual on Vimeo.

Realizado desde 2009, o Mídias Móveis atende estudantes do ensino médio e eventualmente é oferecido a grupos com perfis diferenciados. Recentemente, foram realizadas oficinas com um grupo de idosos também com portadores de transtornos psicóticos.

Por outro lado, o projeto intitulado Documentando reforça a ideia de que a realidade pode ser retratada por qualquer um que deseje olhá-la com afinco. Segundo Marlom, “a ideia é de que eles próprios se autorretratem, bem como o que existe à sua volta. Abordamos a prática e a teoria dos itens que compõem a narrativa documental, abrindo a visão deles para o que pode ser desenvolvido”. Ao final de cada oficina, é produzido um documentário. Um total de 16 oficinas já foram realizadas em diferentes municípios de Pernambuco.

DOCUMENTANDO - Curta-metragem "Cartas na Mesa" from Eixo Audiovisual on Vimeo.

Entre os meses de janeiro e março deste ano, a TV Capibaribe e a Rádio Alto Falante, do Alto José do Pinho, promoveram o projeto Cursos de Comunicação Comunitária, no intuito de formar jovens para a produção de conteúdos de TV e rádios comunitárias, tratando do tema arte e cultura pernambucana e brasileira. O projeto, também incentivado pelo Funcultura, contempla 40 alunos de TV e outros 40 alunos de rádio, além de 200 vagas para os workshops.

De acordo com a coordenadora do audiovisual da Fundação do Patrimônio Artístico e Histórico de Pernambuco (Fundarpe), Carla Francine, a categoria formação existe no Edital do Audiovisual do Funcultura desde a primeira edição. “O cinema é um instrumento, não só entretenimento. Cinema é uma ferramenta importante para pensar a sociedade e modificá-la. Ver o cinema refletindo a realidade e questionar. A formação na infância e adolescência é fundamental”, destaca Francine.

“Para que as coisas permaneçam iguais, é preciso que tudo mude.” A frase do escritor italiano Giuseppe Tomasi di Lampedusa, na voz do decadente e simpático príncipe oportunista Tancredi, no romance Il gattopardo (adaptado para o cinema com tradução para o português de O leopardo, reflete o valor da mudança na sociedade. Se a política, a cada dois anos, propõe mudanças rasas, o cinema é a mudança contínua. Sobretudo quando os espectadores, aqueles que vivem no mundo real, tomam a telona – seja por dentro ou por trás dela.

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