O Recife é a terceira capital brasileira a receber a mostra O universo de Miyazaki, Otomo e Kon, que começa nesta terça-feira (2/12), na Caixa Cultural (Avenida Alfredo Lisboa, 505 – Bairro do Recife). Durante 13 dias, os admiradores da animação japonesa (animê) e dos quadrinhos (mangá) vão ter a oportunidade de assistir aos filmes e participar de debates e oficinas sobre o trabalho dos três cineastas japoneses mais importantes do gênero.
O mais conhecido entre eles é o veterano Hayao Miyazaki, 73 anos, que anunciou a aposentadoria recentemente, depois de realizar Vidas ao vento. Apesar de já possuir uma obra vasta, o criador do Studio Ghibli só se tornou conhecido mundialmente com o sucesso de A viagem de Chihiro, que ganhou o Urso de Ouro no Festival de Berlim de 2002 e o Oscar de Melhor Animação em 2003.
Um pouco mais jovens, Katsuhiro Otomo, de 60 anos, e Satoshi Kon, quem morreu em 2010, aos 47 anos, também são bastante cultuados. Otomo, por exemplo, fez sucesso mundial quando adaptou o mangá Akira, de sua autoria, para o cinema, em 1988. Kon, apesar da morte precoce, deixou trabalhos singulares como Perfect blue, Tokyo godfathers e Paprika, entre outros.
A ideia para reunir os filmes dos três diretores – e de um ou outro colaborador, como Rintaro e Isao Takahata –, nasceu do pesquisador carioca Jansen Raviera e da produtora cultural Simone Evan. Antes do Recife, a mostra já passou pelo Rio e Salvador. Formando em Cinema pela UFF (Universidade Federal Fluminense, em Niterói), Jansen trabalha há 10 anos com animação e fez mostrado sobre animê. “Na verdade, a mostra surgiu porque queríamos muitos ver os filmes, e ela tem feito muito sucesso. No Rio, todas as sessões foram lotadas e muita gente esperou por desistências”, afirma o curador.
Apesar de haver uma grande indústria de animê no Japão, que importa para canais de TV em todo o mundo, geralmente como conteúdo infantojuvenil, os filmes da tríade formada por Miyazaki, Otomo e Kon não se incluem nessa vertente comercial da animação. As narrativas fantasiosas e complexas do trio, porém, atingem espectadores de várias idades.
Além da exibição de 18 longas-metragens em cópias digitais, a mostra vai contar com debates, curso e oficina. Os ingressos custam R$ 2 e R$ 1. Depois da sessão de Vidas ao vento, às 17h, haverá o debate Miyazaki, Otomo e Kon: clássicos ou transgressores, com a participação do professor Silvio Oliveira e do animador Rafael Valle Barradas. De amanhã até sábado, Jansen e a professora Janete Oliveira, da UERJ, ministram o curso O universo de Miyazaki.