CRÍTICA

A Luneta do Tempo, boa estreia de Alceu Valença como diretor de cinema, entra em cartaz na próxima semana

Filme será exibido apenas nos cinemas da rede Cinépolis, no Shopping Guararapes

Ernesto Barros
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Ernesto Barros
Publicado em 17/03/2016 às 5:36
Antonio Melcop/Divulgação
Filme será exibido apenas nos cinemas da rede Cinépolis, no Shopping Guararapes - FOTO: Antonio Melcop/Divulgação
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Primeira experiência de Alceu Valença como diretor de cinema, A Luneta do Tempo, entrará em cartaz com exclusividade na rede Cinépolis, no Shopping Guararapes, no próximo dia 24/3. O filme é daqueles filmes que foram sonhados por muitos anos até serem feitos, quase um resumo do que os olhos e os ouvidos do poeta e cantador de São Bento do Una viram e ouviram desde a mais tenra infância. Narrado como se fosse um musical, o filme é ousado em sua estrutura livre, com o peso dos mitos fundadores da alma nordestina ressurgindo vivos como uma herança a que não se pode negar.

A herança do cangaço, com sua aura de banditismo e revolta social, foi uma das principais fontes do cinema brasileiro entre os anos 1950 e meados da década de 1970. Tanto o incipiente cinema industrial da Vera Cruz quanto os cineastas do Cinema Novo beberam da mesma fonte. Foram tantos filmes que a crítica precisou cunhar um termo para abrangê-los: o “nordestern”, numa clara analogia aos westerns americanos, que também surgiram a partir de uma mitologia marcada pela lei da bala e da expansão territorial.

O Lampião de Alceu, que Irandhir abraça com visível convicção, é antes de tudo o herói mitológico que lutou contra os poderosos e o autor das façanhas que impregnaram os lajedos e a caatinga do Agreste e do Sertão pernambucanos. Já morto, mas teimando em ficar vivo, Lampião vê o passado e o futuro com uma luneta que abole o tempo. Vivida com perceptível brilho por Hermila, Maria Bonita, tão espectral quanto verdadeira, luta para convencê-lo de sua morte e de que não há nada a fazer para evitar a tragédia dos destinos de Antero Filho (Charles Theoni) e Severo (Ari de Arimateia), os filhos bastardos do argelino Nagib Mazola (Cecéu Valença, a cara do pai), um sedutor dono de circo que parece não ter feito outra coisa a não ser botar filho no mundo.

Além de toda a engenhosidade narrativa, as músicas compostas por Alceu pontuam o filme do início ao fim, dando-lhe uma roupagem sonora ímpar a partir da rica herança musical do Nordeste e de suas influências ibéricas e africanas. Um belo filme.

Leia a crítica completa na edição desta quinta-feira (17/3) no Caderno C, do Jornal do Commercio.

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