Tremendão

'Minha Fama de Mau' e o prazer de conhecer Erasmo Carlos

Cinebiografia que tem Chay Suede no papel do cantor atrai pela nostalgia dos anos dourados

Robson Gomes
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Robson Gomes
Publicado em 15/02/2019 às 5:00
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Cinebiografia que tem Chay Suede no papel do cantor atrai pela nostalgia dos anos dourados - FOTO: Foto: Divulgação
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Se o seu bem às vezes diz que deseja ir ao cinema, diga que não há nenhum problema em levá-la para assistir Minha Fama de Mau, a cinebiografia do cantor e compositor Erasmo Carlos, que estreou nesta quinta-feira (14) em 350 salas de todo o País. O longa dirigido por Lui Farias e estrelado pelos jovens Chay Suede (Erasmo), Gabriel Leone (Roberto Carlos) e Malu Rodrigues (Wanderléa) promete levar o público de volta aos embalos da Jovem Guarda e dar luz a um dos personagens, quiçá, mais importante deste movimento musical composto de muito rock, iê-iê-iê, brotos, calhambeques e afins.

Ao longo de 116 minutos, a história nos leva a conhecer o bairro carioca da Tijuca no final dos anos 1950. Por alguns momentos, o próprio Erasmo Carlos, incorporado no Chay, se aventura a contar – literalmente – partes de sua trajetória olhando diretamente para o telespectador, quebrando a quarta parede. Ainda que o longa traga um elenco de jovens que não tenham vivido aquele período com afinco, o clima de juventude “descolada” está presente na obra.

É na casa do jovem Erasmo Esteves que conhecemos a dona Diva, mãe do artista, vivida por Isabela Garcia. A personagem é uma participação especial, mas suas cenas sempre ficam pontuadas pela ternura que a experiente atriz deu ao papel da matriarca.

Em Minha Fama de Mau vemos um Erasmo repleto de amigos ilustres. Antes mesmo da dupla icônica de uma vida, formada com Roberto Carlos, o filme também dá seu devido crédito a Tim Maia (Vinicius Alexandre), que na época, fazia questão de ser chamado de Tião. O esquentado rapaz ensina a Erasmo os primeiros acordes de violão e o incentiva na carreira artística.

O lado namorador de Erasmo também está lá. E o fato de ter Chay nesse papel, que balança os corações das jovens nos dias atuais, pode ser o responsável por arrastar as moçoilas para as salas de cinema. A brincadeira do roteiro – assinado por L.G. Bayão, Lui Farias e Letícia Mey – em mostrar as “mulheres” do Tremendão em uma mulher só no papel de Bianca Comparato (Nara, Samara, Clara, Lara e Sara), foi uma alternativa interessante de ver.

Além da dramatização, o longa é costurado com imagens (históricas) de arquivo e uma direção de arte inspirada nas histórias em quadrinhos, dando uma certa agilidade na edição e um clima de nostalgia. No contraponto, alguns cenários parecem artificiais e a maquiagem de Chay em algumas sequências aparecem carregadas demais, beirando a artificialidade.

TALENTO

No aspecto musical, diferente das muitas cinebiografias que prezam pela voz original dos homenageados, Minha Fama de Mau investe no talento dos próprios atores. E como Chay, Gabriel Leone e Malu Rodrigues têm experiências diretas com a música, as performances soam como bons achados do filme. Entre algumas sequências vale olhar com atenção Gatinha Manhosa (com Chay), Prova de Fogo (Malu) e O Calhambeque (Leone).

Outra participação muito divertida é a de Paula Toller como a fofoqueira do programa de rádio Mexericos da Candinha. São pontinhas de luxo no longa, mas chama atenção o quanto ela está à vontade com a personagem.

Do anonimato ao auge, do auge ao fracasso, Minha Fama de Mau cumpre com o objetivo de contar a história do Tremendão de uma forma leve e divertida, pois não precisa ter vivido a época da Jovem Guarda para entender quem foi Erasmo Carlos. O filme mostra a história de um grande roqueiro que pode inspirar jovens de qualquer geração a ter amor pela música.

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