Crítica

Em 'Chorar de Rir', Leandro Hassum leva o humor a sério

Comédia dirigida por Toniko Melo estreia nesta quinta-feira (21) nos cinemas

Robson Gomes
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Robson Gomes
Publicado em 21/03/2019 às 5:00
Foto: Loiro Cunha/Divulgação
Comédia dirigida por Toniko Melo estreia nesta quinta-feira (21) nos cinemas - FOTO: Foto: Loiro Cunha/Divulgação
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Para fazer um filme de comédia, qualquer argumento é válido. Mas, e quando a comédia é feita sobre o comediante em si? Essa é a proposta de Chorar de Rir, o longa nacional de Toniko Melo, protagonizado por Leandro Hassum, que estreia nesta quinta-feira (21) nos cinemas brasileiros.

Na sinopse, Nilo Perequê (Hassum) é o maior comediante do País. Sucesso absoluto na TV e na internet, coleciona fãs e rivais, como JP Santana (Rafael Portugal), capaz de tudo para tomar o seu lugar. Mas o longa mostra que o maior inimigo de Nilo é ele mesmo.

O roteiro de José Roberto Torero e Luciano Patrick convida o espectador a refletir sobre um equivocado senso comum: humoristas não merecem ser levados a sério. A história da ficção parece cair como uma luva para Leandro Hassum, não por ser sua história de vida, mas porque seus últimos longas (como Não Aceitamos Devoluções, O Candidato Honesto 2) têm mostrado que, mais que fazer rir, ele também é capaz de emocionar.

Enquanto no longa vemos Nilo tentando provar para todos, e a ele mesmo que, mais que humorista, ele pode ser um grande ator, os outros personagens que orbitam o protagonista também têm suas pontas de destaque no enredo.

A começar por Caito Mainier, revelado para o grande público através do programete da web Choque de Cultura. Ao incorporar o apresentador Índio, um “Nelson Rubens às avessas”, que traz elementos do famoso personagem da internet Rogerinho do Ingá, junto com Ruth (Carol Portes), eles narram os acontecimentos da história do jeito sensacionalista que todo o programa de TV desse gênero cobriria, mas com um sarcasmo que, esporadicamente, até salva alguns momentos do longa.

Hassum está bem à vontade ao dar vida a Nilo Perequê. Mas é ao contracenar com Romeu, interpretado por Perfeito Fortuna, que vemos um jogo de cumplicidade de pai e filho num timing correto, com cenas que provocam mais emoção e dão mais profundidade às atuações.

Ainda na família de Nilo, as atuações de Jandira Martini (Julieta), Natália Lage (como a irmã Kitty) e Otávio Müller (o cunhado e empresário Jaimelito) também atendem ao que é proposto. Monique Alfradique, ao viver Barbara, a melhor amiga de Nilo, surpreende nas cenas mais “tórridas” de amor e incentivo ao seu amado. E Rafael Portugal segura bem a peteca do recalcado JP Santana.

Entre as participações especiais, estão Sérgio Mallandro e o cantor Sidney Magal. E é o intérprete do hit Sandra Rosa Madalena que se destaca interpretando o excêntrico feiticeiro Papanô, uma “versão cigana” de Jack Sparrow, de Piratas do Caribe.

TRILHA SONORA

A trilha sonora de Chorar de Rir, assinada por Alexandre Guerra, também chama atenção em alguns momentos. Começando por uma “pitoresca fixação” pelo hit Despacito, de Luis Fonsi e Daddy Yankee que, em cenas cruciais, surge em versão instrumental, causando até uma certa confusão no espectador se a sequência é para rir ou, até mesmo, chorar. Além disso, Hassum se aventurou a fazer uma releitura bem sua do clássico cinematográfico Singing In The Rain, de Gene Kelly. Se ficou bom, deixemos que o espectador defina.

Em 103 minutos, a jornada de Nilo Perequê diverte, questiona e, levemente, emociona. Para quem achar pouco, vale a pena ficar para os créditos finais e se surpreender com as participações de Fábio Porchat e Ingrid Guimarães. Quem sabe assim, você também possa levar esse filme (mais) a sério.

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