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Crítica: 'Projeto Gemini' é revolução tecnológica, drama e ação

O filme protagonizado por Will Smith traz o ator em duas versões: quando jovem e inconsequente e maduro arrependido

João Rêgo
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João Rêgo
Publicado em 14/10/2019 às 15:04
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O filme protagonizado por Will Smith traz o ator em duas versões: quando jovem e inconsequente e maduro arrependido - FOTO: Reprodução
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Revolução tecnológica, grandiosismo técnico, existencialismo, drama e ação. Projeto Gemini, em cartaz nas salas de cinema do Recife, é o resultado da união de todas essas coisas. Uma equação, contudo, com sua base originária no aspecto tecnológico. O filme foi filmado a 120 frames por segundo (FPS), em resolução 4K, com câmeras especiais para 3D – algo nunca feito antes na história do cinema.

Com status de marco na indústria, são poucas salas que aguentam o formato. No Brasil, por exemplo, o longa é projetado a 60 FPS – marca ainda alta para o costumeiro 24 frames.

Dirigido pelo chinês Ang Lee (Hulk, As Aventuras de Pi e O Segredo de Brokeback Mountain), o longa traz, a princípio, características simples de um filme de ação: governo norte-americano, experimentos secretos, e um super agente aposentado. Tudo isso, no entanto, ganha uma nova roupagem na presença de Will Smith, o protagonista da história, aliando-se novamente ao uso da tecnologia.

Henry Brogan (personagem do astro) é o melhor assassino profissional a serviço do governo dos Estados Unidos. Cansado, com a idade avançada e cada vez mais questionando suas atitudes, decide se aposentar. Todo o problema tem início após o seu último serviço: o assassinato de um cientista russo. Investigando o que estava por trás do trabalho, o ex-agente acaba se tornando um alvo da Agência de Inteligência de Defesa dos Estados Unidos, para quem trabalhava anteriormente. Para persegui-lo, o órgão escala seu próprio clone, só que 20 anos mais novo.

A tecnologia põe frente à frente não só a mesma pessoa, mas também recria sua versão rejuvenescida. No filme são dois Will Smith autônomos. De um lado, uma versão recente de filmes de ação/drama ruins, como Beleza Oculta, Eu Sou a Lenda e Esquadrão Suicida. Do outro, um Will Smith mais Um Maluco no Pedaço, pelo menos na aparência – os maus cacoetes dramáticos seguem a mesma toada. Juntando tudo isso, temos a unidade Projeto Gemini: um marco tecnológico (sobretudo), em um filme de ação regular, com intenções dramáticas genuinamente boas.

IRREGULAR

A tecnologia não está ali para um exibicionismo raso, há bastante substância dentro do longa – mesmo que não funcione por completo. A ideia de um assassino assombrado pelas suas atitudes no passado confrontar sua versão mais nova – portanto mais crua, violenta e impiedosa –, é genial. E é justamente dentro disso que Ang Lee encontra cenas de ação inspiradoras; tanto nos contrastes do confronto entre os dois (o estilo conservador de um e o inconsequente do outro) como na decupagem dos espaços – o encontro de frente ao espelho é um dos momentos mais catárticos da trama. Assim, quase toda discussão existencial por trás do ponto central do filme é abraçado pelo imediatismo da ação, longe de uma pretensa falação pomposa (que vez ou outra ainda faz questão de aparecer).

O que não quer dizer que isso aconteça toda hora. Afinal, Projeto Gemini não é só sobre clones, assassinos e ressentimento. O filme versa sobre várias outras coisas como militarismo, indústria da guerra e paternidade. É por aí que o argumento fica raso, falatório e nunca se traduz em imagem.

O drama não sustenta; Will Smith nunca é suficientemente humor ou um homem assombrado, além de alguns personagens só existirem para cumprir funções automáticas. Por outro lado, os subtextos que emanam da relação entre o clone e o seu “pai” são bastante frontais. Discursando desde o cientificismo cego até as relações paternais nos Estados Unidos de hoje.

No final, Projeto Gemini é um filme irregular. Nem todas suas cenas de ação são boas (suas principais acontecem na escuridão – muito por causa do artifício da clonagem), e suas motivações dramáticas e subtextos trafegam por ideias que nunca são abraçadas por completo.

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