Um dos administradores do grupo que promoveu os ataques racistas na página do Facebook da atriz da TV Globo Taís Araújo divulgou um pedido de desculpas pelo ato, na página da comunidade na rede social. Na postagem, Pedro Vitor Siqueira da Silva, preso na quarta-feira, 16, no município de Sertãozinho, em São Paulo, pela Polícia Civil, segura um cartaz com os dizeres: "Peço perdão pelo vacilo, Thaís. QLC (nome do grupo) não tolera racismo".
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Durante a prisão de Silva, a polícia achou montagens com a foto da atriz acompanhadas de frases racistas, salvas em seu computador. O advogado de Silva, Luiz Gustavo Vicente Penna, afirmou ao jornal O Estado de S.Paulo que seu cliente não foi o responsável pelas postagens racistas contra a atriz.
"Não há nada que denote o crime atribuído a ele. Pedro era apenas o administrador do grupo. Naquele dia, ele acessou a comunidade 12 horas depois de saber do acontecido. Ele não concordou com aquelas palavras e insultos e também mandou um recado para atriz dizendo que ela era linda e que não era para ligar para o que o pessoal estava falando. Ele começou a defendê-la também em discussões com pessoas do grupo que estavam agindo daquela forma", disse.
De acordo com Penna, o estudante, que tem 20 anos e cursa o segundo ano de História, não apagou as postagens porque "ficou preocupado com a sua segurança". "Ele não tirou os insultos porque, primeiro, eles já tinham tomado uma proporção que não tinha mais como. Em segundo, quando ele entrou na defesa da Taís, o pessoal começou a agir de uma forma muito áspera com ele, que ficou preocupado com a sua segurança. Ele errou pelo fato de ser o administrador que deveria estar atento a tudo. Mas quem cometeu o crime são as pessoas que estão sendo incriminadas", disse.
A polícia, porém, não se convenceu com os argumentos e vê indícios de que o estudante também teria participado dos insultos. Além de Silva, a polícia prendeu mais três pessoas que teriam coordenado os ataques: Thiago Zanfolin Santos Silva, em Brumado, na Bahia, Francisco Pereira da Silva Junior, em Navegantes, Santa Catarina e Gabriel Sanpietri, em Curitiba, Paraná. O último já estava preso na cidade por cometer crimes de pedofilia na internet.
A investigação foi conduzida pela Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI) do Rio. Na apuração, foram constados fortes indícios de que o ataque contra a atriz Tais Araujo foi premeditado e articulado entre um grupo criado com a intenção de praticar ataques de cunho racistas. Além disso, foi apurado que o grupo tem a temática de realizar ataques a perfis, páginas e contatos de WhatsApp, motivados pelo sentimento de descriminação racial.
Taís teve o seu perfil no Facebook atacado a partir da noite de sábado, 31 de outubro de 2015. Ela reagiu e anunciou que levaria o caso à polícia. Na rede social, escreveu: "É muito chato, em 2015, ainda ter que falar sobre isso, mas não podemos nos calar. Na última noite, recebi uma série de ataques racistas na minha página. Absolutamente tudo está registrado e será enviado à Polícia Federal. Eu não vou apagar nenhum desses comentários. Faço questão que todos sintam o mesmo que eu senti: a vergonha de ainda ter gente covarde e pequena neste país, além do sentimento de pena dessa gente tão pobre de espírito. Não vou me intimidar, tampouco abaixar a cabeça".
Na quarta-feira, Taís divulgou uma nota comemorando a prisão. "Fico feliz que a Justiça tenha sido feita. Espero que crimes deste tipo contra qualquer mulher negra não fiquem impunes", afirmou.