Não é de hoje que se discute que a televisão vive um momento de plena transformação. O público tem percebido, desde a transição da transmissão analógica para o digital, a facilidade cotidiana em acessar um conteúdo televisivo onde e quando quiser. E a experiência de mais de três décadas como engenheiro eletrônico, que em seu vasto currículo, destaca-se uma passagem importante como diretor executivo da TV Jornal, inspirou Luiz Carlos Gurgel a expor a sua visão sobre este panorama no livro Para Onde Vai a Televisão Brasileira? – A Situação Atual e as Perspectivas Futuras (Cepe Editora, 2016).
A obra surge como um alerta para quem trabalha na área, que deseja refletir de maneira crítica sobre o contexto em que este veículo se encontra. Mas o conteúdo e a linguagem acessível também agrada ao simples telespectador, que busca compreender os novos rumos em que a televisão está se inserindo. Leia-se: a internet, a TV por assinatura, por streaming e on demand. “Acho que é o momento de se pensar um pouco as potencialidades, as dificuldades, os desafios que a TV aberta enfrenta atualmente, e isso foi o que me levou a escrever o livro”, explicou Gurgel.
Muito se fala que a televisão aberta vive seus últimos suspiros. Um período “apocalíptico”. Mas Luiz Carlos explica no livro que a situação não é bem assim: “Fomos atrás de números de audiência pra tentar ver se confirmava ou não essa ideia. Pegamos os dados dos últimos 14 anos. De 2002 a 2006, era mais ou menos estável. Surpreendentemente, a partir de 2013, o índice de pessoas vendo TV aberta começou a crescer. E a média de 2015 teve o maior percentual dos últimos 14 anos”, afirmou o autor. E qual seria o problema então? “A quantidade de jovens que consomem a TV aberta reduziu violentamente. Isso sim é um alerta. O jovem de hoje é o adulto de amanhã. Então é preciso que as televisões compreendam isso e se voltem para conquistar esse público em potencial”, esclarece.
PRODUÇÃO LOCAL
O livro de Gurgel tem um grande diferencial em relação às atuais publicações que abordam a televisão brasileira: o enfoque nas emissoras regionais e locais. Capítulos como A produção local, A Internet e a importância das Emissoras Locais e Redes Regionais soam como indispensáveis na obra escrita pelo engenheiro.
Luiz Carlos Gurgel ainda traz cinco desafios que a TV aberta precisa encarar nos dias atuais: Conquistar os jovens; Conquistar novos telespectadores; Identificar, rapidamente, as mudanças de interesse do “novo telespectador”; Produzir conteúdos simultâneos e preparar-se para uma melhor qualidade de imagem (tipo 4K e 8K). Uma realidade um pouco distante, a priori, mas a experiência do autor mostra que é perfeitamente possível.
