A cartunista Laerte, considerada hoje um ícone dos transgêneros no Brasil, foi a convidada do Conversa com Bial desta terça-feira (25), na TV Globo. A feminilidade, os acessórios, as roupas e as unhas compridas estão na rotina da artista que, aos 58 anos, escolheu ser mulher. E, como toda escolha tem suas consequências, Laerte ficou à vontade para falar sobre elas.
Leia Também
- Documentário brasileiro Laerte-se estreia na Netflix
- Laerte é tema do primeiro documentário brasileiro da Netflix
- Laerte Coutinho lança novo livro, Modelo Vivo, com desenhos e HQs
- Nando Reis fala abertamente sobre drogas no 'Conversa com Bial'
- Anitta canta com Pedro Bial em inglês no 'Conversa com Bial'; Confira
Para a cartunista, entender o corpo foi um longo processo: "O tempo foi necessário para eu aceitar que tinha desejos por homens. Isso era um problema para mim", e completou: "Tive uma vida heterossexual, mas também não foi nenhum drama".
Sobre ser uma inspiração para os amigos, Laerte desabafou: "Quando resolvi viver minha sexualidade, a questão do gênero veio como brinde. O gênero é vivido de muitas formas. Parte dos meus amigos dizia que, desde a infância, se sentia estranho no ninho".
A artista falou no programa sobre a convivência com coisas do gênero feminino. "Para mim não foi assim, talvez porque minha família tivesse uma vivência flexível. Vivi as brincadeiras de meninos, mas minha mãe também me ensinou a cozinhar. E nunca fui chamado de menininha por isso, ou mariquinha...", explicou.
Laerte relembrou a primeira vez em que usou um look feminino: "Na primeira vez que saí com roupa feminina, fui à padaria. Fui com uma sainha jeans, mini, estava depilado, lá fui eu... Aí quando saí da padaria passou uma Kombi e fez fiu-fiu. É um pouco perturbador", disse.
CAUSA TRANS E FAMÍLIA
Sobre a causa dos transgêneros, a cartunista expressou sua opinião: "Para algumas pessoas isso é traumático. As pessoas são expulsas da família, da escola, de tudo, perdem tudo, perdem a dignidade e vão para a marginalidade, prostituição... E tudo isso traz um peso que não tem nada a ver". E alertou: "Todo dia um trans é assassinado no Brasil".
Pedro Bial perguntou a artista sobre o impacto de sua decisão na família, começando pelos pais. "Liguei para ela (mãe) e disse: ‘Vai ter uma matéria falando que me visto de mulher’. Ela disse :‘Tenho uns vestidos que não uso mais’. Um amor", disse. Laerte também afirma que o neto também lhe aceita com tranquilidade: "Meu neto me chama de avô. Sou pai, sou avô e sou mulher! Não tenho problema com isso".
Rafael Coutinho, filho da Laerte, também participou da atração. Ao ser questionado por Bial em quê o pai lhe orgulha, ele respondeu aos risos: "Os peitos dele".