Na entrevista abaixo, o escritor e cronista Xico Sá comenta um pouco sobre a influência de obras pulp na sua obra. Para se ter uma ideia, a capa do seu último livro Chabadabadá - Aventuras e desventuras do Macho Perdido e da Fêmea que se Acha (2010), foi ilustrado pelo mestre do gênero, Benício.
JORNAL DO COMMERCIO - Xico, falando sobre Benício, você comenta que o livro ZZ7 foi um dos que lhe ensinou bastante a arte literária. De que forma você considera que a estética pulp - a dos textos e a das imagens - é uma influência para sua obra?
XICO SÁ - É uma aula de narrativa. Uma estética arrepiante que consegue reunir todas as formas de aventuras: a detetivesca, noir ou policial, erótica etc. No pulp está a maneira mais divertida de aprender a construir diálogos e de contar uma história. Um curso completo para jornalistas, jovens escritores e roteiristas.
JORNAL DO COMMERCIO - É possível falar um "cânone" do pulp brasileiro? Quem você incluiria nele? Seria exagero falar que Nelson Rodrigues ou Dalton Trevisan têm certa influência desse universo de histórias "baratas"?
XICO SÁ - Nelson Rodrigues e Dalton Trevisan são obrigatórios. O mais antigo, porém, acho o Carneiro Vilela, não apenas com o clássico A emparedada da Rua Nova, como também com O esqueleto, uma história genial de assombração em Olinda. Mais: o genial Dr. Antônio autor de Memória de um rato de hotel, João de Minas com A mulher carioca aos 22 anos. Sem esquecer a turma da ficção científica e mistério que tem craques como Jorge Luiz Calife e Braulio Tavares. E temos o autor que mais escreveu livros pulp no mundo: o médico paulista Ryoki Inoue, autor de mais de mil livros do gênero.