LANÇAMENTO

Café Colombo reúne suas melhores entrevistas em livro

Editores do progarma de rádio reuniram 21 personalidades que conversaram ao longo dos últimos 13 anos

Diogo Guedes
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Diogo Guedes
Publicado em 31/03/2015 às 7:40
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Editores do progarma de rádio reuniram 21 personalidades que conversaram ao longo dos últimos 13 anos - FOTO: Divulgação
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Nos últimos 13 anos, o programa de rádio Café Colombo se tornou um dos principais locais de debates e conversa sobre literatura em Pernambuco. Com o passar do tempo, o projeto cresceu ejá virou site e até revista impressa, indo bem além das entrevistas e abrindo espaço para reportagens, artigos e críticas. Nesta quarta, o grupo publica o segundo volume do livro Conversas no Café ­– Entrevistas, com organização de Eduardo Cesar Maia, Renato Lima e Thiago Corrêa, no Roda Café, a partir das 19h.

 

A obra é lançada com apoio do Funcultura e conta com 21 das melhores conversas do programa de rádio – mantendo o tom descontraído, analítico e aprofundado dos encontros. Estão lá entrevistas com escritores como Raimundo Carrero, Daniel Galera, Miró da Muribeca, Sidney Rocha e Samarone Lima, ao lado de encontros com o político Roberto Magalhães e o filósofo Eduardo Giannetti. O material foi selecionado das quase 600 entrevistas realizadas pelo programa.

 

O livro faz um recorte interessante de debates fundamentais da nossa literatura e da política. Raimundo Carrero, por exemplo, comenta abertamente a polêmica com o crítico literário Cristiano Ramos, falando sobre o papel das diversas leituras. O cientista político Bruno Speck discorre sonre um tema muito atual: o financiamento de campanhas políticas, tema de seus estudos. O ex-governador e ex-prefeito Roberto Magalhães aborda de forma extremamente franca o dia em que invadiu o Jornal do Commercio armado, insatisfeito com uma nota publicada.

 

 

Para selecionar os textos, foi preciso muito pragmatismo: ele, Thiago e Renato escolheram suas entrevistas preferidas separadamente, para só depois conversarem sobre as que se repetiam e as que faltavam. Houve um foco maior nas conversas mais literárias, que ocupam a maioria do volume – quase que como na proporção dos programas de rádio. Eduardo destaca suas preferidas: a com Roberto Magalhães (“Ele fala com uma naturalidade e franqueza que não é comum nos meios políticos”), a com Raimundo Carrero, a com Miró da Muribeca e a com Tarcísio Pereira, que resgata as histórias da Livro 7 – sem deixar de citar os encontros com Bruno Speck e o com o antropólogo Roberto da Matta.

 

O livro é apenas o primeiro passo de um 2015 movimentado para o Café Colombo. A segunda edição da revista do programa deve sair em breve, e as conversas semanais vão continuar na Rádio Universitária. O site deve ser reformulado e o projeto deve ganhar um canal no Youtube para disponibilizar conversas gravadas em vídeo..

 

 

 

Algumas frases do livro:

 

Sérgio Rodrigues, autor de O drible: “Acho que essa coisa do futebol como emblema do Brasil é velha, meio cansada e cheia de clichês, mas isso não quer dizer que seja completamente falsa. O futebol é uma das vidas mesmo da cultura brasileira e da formação da identidade brasileira. Mas acho que precisamos ter muito cuidado com os clichês que cercam essa coisa do ‘país do futebol’”


Ricardo Lísias, autor de Divórcio: “Eu não acho que a literatura, ou mesmo a palavra escrita, tem a capacidade de transmitir a realidade. Eu não acho que exista essa possibilidade.”


Raimundo Carrero, autor de Tangolomango: “Eu acho honesta e sinceramente que um autor não deve responder, mas não é por desprezo ao crítico, é até por respeito, porque se você disser a ele: ‘não é assim, é assim’, ele diz: ‘mas eu entendi assim’, e pronto. O que ele entendeu é o que vale, não o que eu escrevi.”


Sidney Rocha, autor de O destino das metáforas: “Criou-se uma casta das academias legitimando a literatura. Isso é uma coisa muito estranha porque tinha que ser exatamente o contrário”


Miró da Muribeca, autor de Miró até agora: “Eu acho que quando eu falo é melhor do que meu livro. Quando eu entro em cena, eu arrebento. Eu levo para o coração de quem tá ouvindo uma coisa maior.”


Valéria Torres da Costa e Silva, autora de A modernidade nos trópicos: “Nós certamente não vivemos numa democracia racial, mas ela poderia ser a nossa utopia, o nosso norte. E a gente tem muito mais condição de chegar a uma democracia racial do que sociedades como a norte-americana, ou a da África do Sul”


Roberto Magalhães: “Sim, Orismar. Eu pedi para chamá-lo. (...) Eu disse: “Olha, você continua dando nota, eu vi hoje. Qual é a sua idade?” “56” – ou era 58. “Tá bom, você já tem muitos anos de vida, agora cesse com isso de fazer provocações à minha mulher, de ter essa conduta, porque você pode até viver menos...” Um susto só, né? Jamais atiraria nele. (...) Enfim, foi uma besteira, mas rendeu o cansaço emocional de dois meses ou mais saindo páginas e páginas nos jornais com notas contra mim, em solidariedade ao jornalista”

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