Quando começou a escrever o livro Guerreiros do Sol: Violência e Banditismo no Nordeste do Brasil, o historiador Frederico Pernambucano de Mello buscava desfazer enganos – grandes e pequenos – sobre as motivações e os eventos que cercavam os grupos armados do Sertão. Nesta segunda (9/11), 30 anos depois da primeira publicação da obra, a Academia Pernambucana de Letras presta uma homenagem ao estudo, que vai bem além de idealizações e mitos, com duas palestras a partir das 16h.
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Na ocasião, vão falar sobre o livro Anna Maria César e Nivaldo Mulatinho. Na obra, com prefácio de Gilberto Freyre, Frederico analisa o contexto que gerou o banditismo no Nordeste, apontando-o como uma continuidade da resistência contra o domínio do litoral e o do poder central brasileiro. Além disso, desmonta ilusões recorrentes que acompanhavam o tema do cangaço, muito romantizado. “Ele era usado muitas vezes como pretexto pelo marxismo para falar que havia ali uma luta de classe contra o poder dos coronéis”, comenta o autor.
Na verdade, Lampião e outros cangaceiros eram parceiros de muitos coronéis, fazendo serviços para eles e sendo beneficiados por sua proteção. A obra também explica como o cangaço virou um meio de vida, muito mais do que um método de vingança. “Em Guerreiros do Sol, eu começo apresentando o palco, o Sertão, depois falo dos protagonistas, os vários guerreiros, e finalmente chego no ator principal, os cangaceiros”, explica. Além disso, Frederico dedica atenção especial, como não poderia deixar de ser, a Lampião, um “grande marqueteiro de si mesmo”. “Ele foi derrotado militarmente, mas venceu esteticamente. Até hoje, o cangaço é um dos principais símbolos do Nordeste”, afirma o historiador.