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Segundo negro a presidir a Academia Brasileira de Letras (ABL) – o primeiro foi o cofundador da instituição, Machado de Assis - o professor e escritor Domício Proença Filho foi empossado no final da tarde desta quinta-feira (17) no cargo que vai exercer até o final de 2016. Ele substitui o poeta, ensaísta, crítico literário e tradutor Geraldo Holanda Cavalcanti, que dirigiu a ABL nas duas últimas gestões.
Durante a cerimônia no Petit Trianon, sede da academia, no centro do Rio, foram empossados os demais membros da diretoria eleita no último dia 3, por unanimidade, e que tem duas mulheres, ambas ex-presidentes da Casa: as escritoras Nélida Piñon, secretária-geral, e Ana Maria Machado, primeira-secretária. Os demais integrantes são os acadêmicos Merval Pereira, segundo-secretário, e Marco Lucchesi, tesoureiro.
No discurso de posse, Domício Proença Filho declarou sua preocupação com o combate ao racismo. “A Casa de Machado de Assis, uma vez mais, situa claramente o seu posicionamento, em termos de nossa contingência comunitária. Não nos esqueçam os tempos fundadores de Joaquim Nabuco e de Machado de Assis, a ação pioneira de Afonso Arinos. Entendo, a propósito, que, na realidade brasileira, respeitadas as opiniões em contrário, o núcleo de preocupação deve ser o combate contínuo e vigoroso ao racismo”, disse o novo presidente da ABL.
Domício Proença Filho também ressaltou as dificuldades vividas pelo país, em função da grave crise econômica. “ Somos a diretoria da crise. Árduo será o percurso. No traçado do rumo, buscaremos manter a atitude rotineira e a velocidade de cruzeiro alertas ao aviso de apertar o cinto aos primeiros sinais de turbulência”.
Outro ponto enfatizado pelo novo presidente foi o papel da ABL de guardiã do idioma como principal meio de comunicação do país. “A língua e a literatura exigem, mais do que nunca, o bom combate. Em especial a arte literária. A tal ponto que se faz oportuno e pertinente reafirmar a sua importância. Entre outros aspectos, lembrar que o convício com o texto literário ajuda as pessoas a organizar o seu universo cultural”, disse.
Autor de 65 livros, entre obras didáticas, de crítica e ensaio, poesia e ficção, Domício Proença Filho viveu sua infância e adolescência na Ilha de Paquetá, onde fêz o curso primário em uma escola pública. Depois, cursou o ginasial e o clássico no Colégio Pedro II e se formou em Letras Neolatinas pela Faculdade Nacional de Filosofia, da então Universidade do Brasil, hoje UFRJ.
Professor emérito e titular da cadeira de literatura brasileira na Universidade Federal Fluminense (UFF), hoje aposentado, Proença Filho lecionou ainda em outras universidades cariocas e ministrou cursos de literatura brasileira em universidades estrangeiras. Também produziu programas para o Serviço de Radiodifusão Educativa do Ministério da Educação (MEC) e criou projetos culturais, como a Bienal Nestlé de Literatura.
Na ABL, ocupa a cadeira 28, para a qual foi eleito em 2006, sucedendo ao acadêmico Oscar Dias Corrêa.