ASSÉDIO E VAZAMENTO

Por que não vai haver Prêmio Nobel de Literatura em 2018

A decisão de pular 2018 e premiar dois escritores em 2019 foi tomada pela Academia Sueca em maio, depois de uma série de escândalos sexuais e de vazamentos de informações

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Publicado em 03/10/2018 às 18:58
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A decisão de pular 2018 e premiar dois escritores em 2019 foi tomada pela Academia Sueca em maio, depois de uma série de escândalos sexuais e de vazamentos de informações - FOTO: Divulgação
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Durante toda a semana estamos acompanhando os aguardados anúncios dos vencedores do Prêmio Nobel, o mais importante do mundo nas diversas áreas que cobre. Tradicionalmente o último a ser anunciado, o Nobel de Literatura não será concedido em 2018

A decisão de pular 2018 e premiar dois escritores em 2019 foi tomada pela Academia Sueca em maio, depois de uma série de escândalos sexuais e de vazamentos de informações.

"Nós achamos necessário dedicar um tempo para reconquistar a confiança do público na Academia antes que o próximo vencedor possa ser anunciado", declarou à época o secretário permanente da instituição, Anders Olsson. Ele também alegou que a decisão é uma forma de respeitar os que já ganharam e os que ainda ganharão o prêmio.

O Nobel de Literatura já foi cancelado ou adiado outras sete vezes, quase sempre por causa de guerras. Desde 1949 isso não ocorria.

Entenda o caso

Em novembro de 2017, 18 mulheres acusaram uma conhecida personalidade da cultura francesa, com quem a prestigiada instituição tinha vínculos estreitos, de violência e/ou assédio sexual. O episódio envolvia o dramaturgo Jean-Claude Arnault, uma grande figura cultural na Suécia e marido da poeta Katarina Frostenson, membro da Academia.

A Academia cortou relações com Arnault e determinou uma auditoria sobre suas relações com a instituição, mas desacordos internos nas medidas a tomar geraram confusão.

Diante das circunstâncias, sete membros da Academia - de um total de 18 - renunciaram, incluindo a secretária permanente, Sara Danius. Eles eram designados de forma vitalícia e não tinham "autorização" para renunciar, mas poderiam optar por não participar das reuniões e decisões.

O relatório da auditoria descartou que Arnault tenha influenciado em decisões sobre prêmios e confirmou que a confidencialidade sobre o ganhador do Nobel foi violada em várias ocasiões.

O escândalo provocou especulações nos meios de comunicação sobre o destino do prêmio de Literatura, que foi entregue em 2017 ao autor britânico-japonês Kazuo Ishiguro, e no ano anterior ao cantor e compositor americano Bob Dylan.

O rei da Suécia, Carlos XVI Gustavo, que é o principal responsável pela Academia fundada em 1786, concordou em modificar os estatutos para permitir que os membros renunciem e sejam substituídos, garantindo assim a sobrevivência da instituição.

Em maio, a edição 2018 do Prêmio Nobel de Literatura foi adiada para 2019.

Um novo capítulo da novela do Nobel foi acrescentado à história no dia 1º de outubro. Aos 72 anos, Jean-Claude Arnault foi condenado a dois anos de prisão por estuprar duas vezes, em outubro e dezembro de 2011, uma jovem em um apartamento em Estocolmo.

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