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Cida Pedrosa traz poemas sobre a cidade no livro 'Gris'

A obra será lançada na quinta (18), quando a escritora recebe o título de cidadã recifense

Diogo Guedes
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Diogo Guedes
Publicado em 17/10/2018 às 8:35
Ana Siqueira/Divulgação
Cida Pedrosa, poeta nascida em Bodocó - FOTO: Ana Siqueira/Divulgação
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No seu livro anterior, a escritora pernambucana Cida Pedrosa apresentou versos influenciados pela poesia popular, mas que traziam temáticas contemporâneas, questionadores, em movimento. Para quem prefere se ater as diferenças, a nova obra da poeta, Gris (seu primeiro livro pela Cepe Editora), dedicada à cidade, pode parecer ir para o campo oposto. Não é tão simples assim: as poéticas tradicionais e novas estão sempre em tensão e entendimento na obra da autora, “mulher sem destino/ e sem amarras”, como diz em um dos poemas.

Gris traz textos já publicados em livros como Cântaro (2000) e Gume (2005), além de reunir poemas esparsos e outros inéditos – todos sempre habitados pela cidade ou pela angústia humana dos grandes centros urbanos. O volume vai ser lançado quinta (18), às 18h, na Câmara de Vereadores do Recife, quando Cida vai receber o título de cidadã recifense.

“Faz 40 anos que eu cheguei no Recife. Tive episódios em que fui trabalhar fora, mas sempre voltei para a cidade. É também a data do meu aniversário de 55 anos. Estou juntando tudo em um só momento. O título de cidadã é a oficialização do meu desejo de me sentir do Recife como me sinto de Bodocó”, comenta a poeta.

“A cidade sempre perpassou os meus livros, e já havia tempo que eu queria falar da cidade na minha poesia e na poesia em geral, pensar essa especialidade”, afirma. “Viramos nesses tempos um país urbano, em que 80% da população vive em cidades. Escrevo também para pensar qual é o efeito dessa modernidade na arte e nos cidadãos.”

CIDADE

Pensar a cidade, para Cida, é também trazer a urbanidade para discussão. “No momento em que decidimos se queremos um projeto democrático de país ou não, acho que é um assunto importante”, ressalta. Para ela, sua poesia, mesmo quando presta homenagem às formas populares, como em Claranã, pensa muito na solidão da urbanidade. “Escrevo sobre essa dor humana, a solidão, mesmo quando uso a estética popular. Não são oposições: o popular e o urbano se encontram”, defende. Seu próximo livro, intitulado Solo para Vialejo (vialejo é como as gaitas são chamadas no interior do Estado), é um longo poema sobre a ida de um grupo de negros do litoral para o Sertão.

Outro ponto fundamental do urbano abordado por Cida é o anonimato. “O cidadão é um anônimo na cidade, e esse é tanto um sentimento de liberdade como de dor. Existe a chance de circular sem saber que a pessoa é, mas também há uma sensação muito grande do nada”, reflete.

No prefácio da obra, o escritor Marcelino Freire destaca que Cida “enfrenta de faca na mão a solidão das espécies”. Entre “putas e pombos”, como ela mesmo diz, Cida escreve os poemas e as cidades em que viveu.

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