A poeta pernambucana Bione se tornou mais conhecida através das suas participações em slams – disputas de poesia recitada –, quando tecia, entre rimas e imagens, críticas ao machismo, ao racismo, às injustiças, ao preço de passagens de ônibus. Ao falar de amor no seu novo livro, Furtiva, editado pela Castanha Mecânica, pode parecer que ela escolheu um assunto menos radical e menos político, mas essa é uma impressão falsa. Amar e afirmar o amor é também para a poeta parte do que pode e deve ser exigido nesse mundo em que vivemos.
Furtiva, primeiro livro de Bione, busca esse caminho mais afirmativo. A obra vai ser lançada dentro da Mostra de Publicações Independentes, que retoma suas atividades após o Carnaval no Inciti (R. do Bom Jesus, 191, Bairro do Recife). As atividades começam às 16h, com música de Biarritzz, recitais e apresentação de Menina do Sax.
Se Bione já venceu o Slam Estadual e foi segundo lugar na edição, aqui se apresenta sem tantas rimas, com uma poesia da descoberta do amor e do processo de tirá-lo da invisibilidade. A jornalista Lenne Ferreira, no prefácio da obra, destaca: “Diferente dos slams, aqui, Bione não brada contra injustiças sociais, nem contra o aumento da passagem ou a repressão policial e o faz também. Mas, antes, é preciso garantir o afeto, o domingo de almoço em família”.
A referência ao almoço em família não é por acaso – a própria Bione o faz em um poema. “Te apresentar/ como o melhor presente/ que ganhei do destino./ Pra que isso tudo que somos/ não seja mais furtivo/ nem discreto o bastante/ a ponto de sermos/ invisíveis”, escreve. No texto que abre o livro, diz: “Foi ali/ dentro do Jardim São Paulo/ na Boa Vista movimentada/ que reparei/ que se não fosse/ aquela — minha primeira — poesia/ que te escrevi/ eu não seria/ quem sou”.
Em alguns momentos, Furtiva é um livro quase puramente feito do conforto do afeto, uma reiterada declaração de amor sem medo de soar idealizada. Nos seus pontos de contato com o mundo caótico que o cerca, os poemas mostram melhor porque o amor também é revolucionário.
Confira a programação da Mostra de Publicações Independentes (Mopi)
Sábado, 16 de março
? 16h - Lançamento do livro Furtiva de Bione
Local: Inciti, Recife
? 19h - Literaturas e políticas feministas conversas com Ane Montarroyos, Bell Puã, Jacilene Silva, Katarine Araújo, Maria Samara e Thays Albuquerque
Local: Sebo Casa Azul, Olinda
Quarta, 20 de março
? 15h - Instalação do acervo da MOPI
? 16h - Sabatina com Philippe Wollney
Local: Café Leon, Recife
Sábado, 23 de março
? 19h - Sabatina com Jeder Janotti Jr.
Local: Casa Balea, Olinda
Quinta, 28 - Lua minguante
? 15h - Instalação do acervo da MOPI
? 16h - Sabatina com Ezter Liu
Local: Café Mia 182, Recife
Sexta e sábado, 29 e 30 de março
? 19h - Banquinha do acervo da MOPI no “I Encontro de poetas nordestinos: poesia, memória e cidade” com Philippe Wollney
Local: Bardallo’s Comida e Arte, Natal
Sábado, 30 de março
? 14h - Oficina de Poesia e ancestralidade na autoria feminina com Odailta Alves
? 19h - Espetáculo Clamor negro com Odailta Alves e Suh Amorim
Local: Sebo Casa Azul, Olinda
Oficina: $20 | Espetáculo: $20 | Combo: $30