Luto

Uma das primeiras gravações de Dominguinhos em estúdio já foi com Luiz Gonzaga

Sanfoneiro acompanhou o Rei do Baião durante a gravação da música Forró no escuro, lançada em 1957

JOSÉ TELES
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JOSÉ TELES
Publicado em 23/07/2013 às 20:33
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Sanfoneiro acompanhou o Rei do Baião durante a gravação da música Forró no escuro, lançada em 1957 - FOTO: Foto: Reprodução de Internet
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Dominguinhos entrou cedo em estúdio. Ainda era adolescente quando acompanhou Luiz Gonzaga na gravação de forró no escuro, lançada em 1957 (uma das poucas músicas que Gonzaga assina sozinho). O primeiro LP ele só gravaria em 1964, a convite de Pedro Sertanejo, dono da Cantagalo, uma gravadora paulista que abrigou parte dos forrozeiros nos anos 60. Curiosamente, ele estreou com um álbum intitulado Fim de festa, quando para ele a festa estava só começando. Ele gravaria mais dois LPs pela Cantagalo, Cheinho de molho, e 13 de dezembro, o título deste segundo, uma homenagem a Luiz Gonzaga (parceiro no instrumental com Zé Dantas). Durante a década de 60, ele voltou a tocar com Luiz Gonzaga, na época das vacas magras, no auge da Jovem Guarda. Coincidiu com o relacionamento dele com Anastácia. Os dois viajaram Brasil afora com Gonzagão. A relação com a recifense Anastácia virou também parceria musical, que alavancaria a carreira do sanfoneiro, que até então se limitava a tocar o tocar o instrumento, sem ousar cantar.

Anastácia conta que insistiu para ele gravar cantando, o que só aconteceu em 1973, com o álbum Tudo azul (Tropicana). Neste disco está um de seus classicos, Lamento sertanejo, parceria com Gilberto Gil a quem, no ano anterior presenteara com o maior sucesso até então da carreira do baiano: Eu só quero um xodó: “Fiz em São Paulo enquanto ia me encontrar com Anastácia. A gente todo ano fazia umas coisinhas para Marinês gravar. Mostrei a melodia a ela, e Anastácia pegou um pedaço de papel e fez a letra na hora, em cima da perna”, contou Dominguinhos, em entrevista a Geraldo Freire, na Radio Jornal. Ainda mais prosaica foi a história do outro grande sucesso com Anastácia, Tenho sede, contada por ela: “Quando eu mostrei a letra de Tenho sede a ele, Dominguinhos não gostou. Disse que parecia coisa de maracatu. eu fiquei tão irritada, que amassei o papel com a mão e atirei na lixeira. Sai para a rua pra me acalmar. Quando voltei ele me mostrou a música que tinha feito com a letra, que apanhou do lixo”.

Na década de 70, referendado pelos baianos, Dominguinhos teve a carreria consolidada. Foi contratado pela gravadora dona do mais refinado elenco dos anos 70, a Phillips. Na década de 80, ingressou na na RCA, onde estreou com um de sues mais discos mais bem-sucedidos: Quem me levará sou eu, com a qual ganhou o último festival da TV Tupi, em 1979 (parceria ocm Manduka), e o prêmio de 1 milhão de cruzeiros, uma fortuna na época. Ao longo destes anos, Dominguinhos tem gravado pelo menos um disco por ano, e feito incontáveis participações em discos alheios. Sua generosidade é reconhecidamente imensa. Raramente ele recusa convites para gravar.

Seu último parceiro foi o cearense, há anos no Recife, Xico Bizerra, da série Forroboxote, e uma dos autore Dominguinhos entregou a ele, de uma só vez, uma dúzia de melodias, e pediu que ele colocasse letras. O disco já está pronto. As canções gravadas por, entre outros, Dominguinhos em dueto com Waldonys, Elba Ramalho, Maciel Melo, Geraldo Maia em dueto com Irah Caldeira e Socorro Lira.

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