NOVOS SONS DE PERNAMBUCO

Mais uma fornada de música pernambucana a caminho

Academia da Berlinda, Trio Pouca Chinfra, Marsa, Mexidinho, Combo X, Bandavoou são alguns dos músicos/bandas que estão em produção

Alef Pontes
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Alef Pontes
Publicado em 27/07/2015 às 10:03
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Academia da Berlinda, Trio Pouca Chinfra, Marsa, Mexidinho, Combo X, Bandavoou são alguns dos músicos/bandas que estão em produção - FOTO: Divulgação
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As facilidades tecnológicas, com o barateamento do preço dos equipamentos e a possibilidade de gravar um álbum com poucos recursos, sem precisar ir muito longe ou sair de casa, mudou o panorama da música pernambucana, que este ano deve bater perto de duzentos discos produzidos de artistas que investem em música autoral. Isadora Melo, Geraldo Maia, Gonzaga Leal e Alaíde Costa praticamente já terminaram a primeira parte de seus novos trabalhos (como foi mostrado na semana passada na matéria Novos Sons de Pernambuco). E vem muito mais por aí: Academia da Berlinda, Trio Pouca Chinfra, Marsa, Mexidinho, Combo-x, Bandavoou são alguns dos músicos/bandas que estão em produção.

Preparando o terceiro álbum, a banda olindense de cumbia e outras latinidades Academia da Berlinda optou pelo isolamento para manter o foco no novo trabalho. O local escolhido foi o Casona, em Candeias, onde, desde o início do mês, realiza as gravações.

Segundo o vocalista e percussionista Alexandre Urêia, o processo já está adiantado. “Começamos com as bases, na semana retrasada e estamos gravando as percussões para fazer os overdubs dos instrumentos”, explicou, em entrevista concedida no caminho do estúdio. As gravações devem seguir até a metade de agosto. Depois, o grupo começa a divulgar o trabalho.

Também vocalista do grupo, Tiné Neto conta que a banda trabalha em cima de 15 canções, mas ainda não está definido se todas entrarão no disco. “O novo álbum tem a pegada Olindance do anterior e acrescenta coisas diferentes, como o bolero, o semba (ritmo angolano) e o ijexá (outro ritmo de origem africana, presente nos afoxés)”, adianta.

O trabalho coletivo que domina o palco e as brincadeiras de backstage estão presentes. “As composições levam a marca de todo mundo da banda. Tem algumas em que todo mundo escreve e algumas parcerias de integrantes da banda com pessoas de fora”.

Comemorando 10 anos de atividades, outra banda de gingado e malícia olindense prepara novidades. Com repertório voltado para sambas autorais, a Pouca Chinfra está, desde maio, em estúdio, preparando a gafieira do seu terceiro registro – que sucede o EP Trio Pouca Chinfra e a Cozinha e o CD Pouca Chinfra

Com direção de Daniel Coimbra, que também toca cavaquinho, o disco já tem o registro das percussões e parte de metais e cordas; as gravações devem continuar até o próximo mês.

Recém-surgida e já com destaque local – principalmente após vencer a edição 2015 do Festival Pré-Amp – a banda Marsa também está moendo. O grupo formado Thiago Martins (guitarra e voz), Rodrigo Samico (guitarra e voz), Rogério Samico (baixo, sintetizador e voz), Rodrigo Félix (percussão e voz) e Carlos Amarelo (bateria) prepara o seu álbum de estreia vom o prêmio.

“Gravamos 19 músicas e estamos definindo quais entram no trabalho. São canções minhas e de Rodrigo Samico (que também assina a direção musical, ao lado de Rogério Samico), algumas com parceria de Gleison Nascimento”, conta o vocalista Thiago Martins.

O vocalista e guitarrista da banda Marsa e também integrante da Sagaranna, Thiago Martins conta que o álbum de estreia do grupo é marcado, principalmente, por “mensagens poéticas muito fortes sobre o amor, a vida e situações do cotidiano” em suas letras. Segundo ele, as gravações já estão bem adiantadas, faltando vozes e alguns ajustes finais. 

Sobre o formato, o grupo ainda decide sobre a possibilidade de estrear com um disco duplo, dividindo as canções mais intimistas das agitadas, ou um álbum simples, composto por 14 faixas. 

Questionado sobre possíveis participações, Thiago conta que o grupo tem pensado em alguns nomes. Entre eles estão Geraldo Maia, Isadora Melo e Zé Manoel. O lançamento só deve acontecer na próxima edição do festival.

Outra vencedora do Festival Pré-AMP 2015 (pelo voto popular), do Fun Music e do Festival de Música Popular do Gama (FMPG-DF) no mesmo ano, a Bandavoou se prepara para o lançamento do seu primeiro álbum completo. Comandada pelos músicos Carlos Filho e PC Silva, o grupo tem conquistado destaque nacional em diversos festivais, com o repertório do EP de estreia, Bandavoou (2012), e acaba de finalizar as gravações do próximo registro: Nó.

Com 14 faixas, o disco, que foi bancado por financiamento coletivo, passou por um longo e cuidadoso processo de gravação, que teve início em janeiro, segundo conta PC Silva: “Começamos logo no início do ano, e demos uma pausa pra tocar outros projetos da banda. Agora, o trabalho está em processo de mixagem, mas mãos de Leo D., que é a pessoa mais indicada para a nossa proposta”. 

Entre as participações, estão Zé Manoel, Grupo Bongar e Elomar, que também assina uma parceria. “Nós passamos um final de semana na casa de Elomar, em Vitória da Conquista, e foi uma experiência para guardar para a vida toda”, revela PC.

“Ele participa na última faixa do disco, narrando um texto que eu havia escrito sobre um personagem da canção. Elomar achou pouco e propôs completar a letra. Uma parceria e tanto!”, recordou-se, entusiasmado.

A música que marca esta união é Finado Tóta, que também recebe as percussões da Bongar. Além disso, o trabalho conta ainda com Juliano Holanda e Luiza Magalhães. Nó deve ser lançado virtualmente no final de agosto, mas antes disso devem sair um single e clipe da faixa título. 

BATUCADA DE PEIXINHOS PARA A ÁFRICA


Direto do Nascedouro de Peixinhos, Gilmar Correia – Bolla 8, da Nação Zumbi – e sua Combo X preparam o segundo disco da banda. Se o primeiro disco, A Ponte, foi em homenagem ao malungo Chico Science e ao santuário do mangue Peixinhos, o próximo trabalho atravessa o mar para revisitar as origens africanas da musicalidade pernambucana. Homenageando a África, o batuque é o ponto forte do disco e também marca do grupo, que além da percussão leva duas baterias em sua formação.


Segundo Gilmar, o segundo álbum do grupo deve vir com guitarras mais limpas e maior destaques para as percussões. E nesta categoria, o grupo ganha o reforço do, também integrante da Nação Zumbi, Toca Ogan. 
Na produção do álbum, retornam os dois nomes de peso e amigos de longa data do grupo: Eduardo Bidlovski (o BiD) e Bactéria. O primeiro, é o nome por trás da produção do icônico Afrociberdelia, de Chico Science e Nação Zumbi. Já Bactéria, ex-Mundo Livre S/A, também ataca nos teclados da Combo X.

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