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Músico do Raça Negra vira motorista de Uber e faz sucesso com os passageiros

Após uma pausa nos shows, o percussionista do Raça Negra começou a trabalhar no Uber para ganhar um extra

JC Online
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Publicado em 04/12/2016 às 17:00
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Após uma pausa nos shows, o percussionista do Raça Negra começou a trabalhar no Uber para ganhar um extra - FOTO: Foto: Reprodução / Facebook
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Após uma pausa de shows neste ano de 2016, o percussionista da banda Raça Negra, Fernando Alves de Lima, passou a se dividir entre a carreira artística e o trabalho como motorista do Uber. Além de oferecer água e bala, o passageiro pode ganhar uma palhinha dos principais hits da banda.

Precisando ganhar um dinheiro extra, Fernando Monstrinho - apelido do músico - decidiu se arriscar como motorista do aplicativo de transporte. Ele conta que não iria deixar o tempo livre interferir no amor entre ele e a esposa. "Sou casado há 11 anos. Se ficar em casa todos os dias você começa a arranjar confusão com a mulher, ficar impaciente", brinca.

Após 33 anos de estrada, a banda resiste ao tempo. Raça Negra é um dos conjuntos de samba que mais fez sucesso no Brasil. Atualmente, a banda se tornou um espécie de modinha na internet que joga a seu favor, como uma espécie de culto ao chamado pagode dos anos 1990. Uma página do Facebook que homenageia o gênero tem cerca de 300 mil curtidas.

O artista tem visto de perto o resgate dos maiores sucessos da banda atravessando gerações durante o trânsito congestionado de São Paulo. "Dificilmente você encontra uma pessoa que diz que não conhece. O único que me disse que não conhecia foi um nigeriano, mas depois, por incrível que pareça, tocou 'É Tarde Demais' na rádio e ele falou que já tinha ouvido", conta.

Ele se surpreende quando descobre que as músicas da banda atingem públicos diversos. "Eu pego roqueiros e eles dizem que o único grupo de samba de que gostam somos nós, porque nós temos conteúdo", afirma todo orgulhoso.

O percussionista diz que não abre o jogo de imediato com os passageiros. Eles perguntam se Fernando exerce outra profissão além de motorista, e a história completa sai aos poucos. "Procuro não falar direto que sou do Raça Negra. Mas, quando eu falo que sou músico, as pessoas ficam curiosas", explica. Com a identidade descoberta, Fernando não hesita em agradar ao cliente. Algumas pessoas pedem para tirar selfies, outras, que ele cante.

"Tento deixar a viagem o mais divertida possível. Esse é o papel de cada um que está ali. Tem a balinha, tem a água, e, se pedir pra cantar, a gente canta também. Eu falo antes que não sou o cantor, mas dá para quebrar o galho", diz.

Projeto religioso

No porta-luvas do carro do motorista fica um estojo repleto de CDs da banda, os quais o músico diz praticamente não escutar. Porém, a bíblia está visível no console. O percussionista é evangélico há seis anos e trocou o Monstrinho por Montinho para cantar nos cultos e lançar um disco de canções gospel. "As pessoas iam falar: 'um monstro na igreja, o que é isso'? Então monstrinho não ia dar

O projeto religioso é a terceira jornada profissional dele, que também voltou a participar de 10 a 12 shows por mês pelo Raça Negra. O Uber fez que a vida cigana, a qual o artista está acostumado pela agenda cheia, se repetisse dentro de São Paulo. Mesmo quando a viagem é curta ele acumula histórias.

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