Estesia é um estado de mobilização sensorial do corpo para perceber as coisas que nos cercam. Este é o espírito que guia o duo Pachka, o músico Carlos Filho (da Bandavoou) e o iluminador Cleison Ramos no show Estesia, hoje, às 20h30, no Teatro Luiz Mendonça pela programação da 23ª edição do Janeiro de Grandes Espetáculos.
O espetáculo surgiu no ano passado, quando fizeram dois shows no Teatro Marco Camarotti. Desde então, os músicos e o iluminador vêm maturando a sua proposta de um espetáculo que é uma confluência de elementos do teatro, da música e experimentações tecnológicas.
“É o mesmo projeto, mas ampliando algumas coisas”, diz Tomás Brandão, guitarra e sintetizadores do Pachka – duo completado pelo baixista Miguel Mendes. “A gente tentou fechar mais o formato no sentido de deixar mais coeso. A ideia era tentar juntar os textos, as movimentações da gente no palco para dar uma impressão de espetáculo contínuo”, explica.
TECNOLOGIA
Carlos Filho é membro da Bandavoou, vencedora do Samsung E-Festival Canção. Tomás e Miguel assinaram juntos a direção musical de diversas peças, como Rei Lear e Duas Mulheres em Preto e Branco (vencedora do Prêmio Apacepe de Melhor Trilha Sonora de Teatro Adulto) da Remo Produções. Portanto, a canção é a espinha dorsal do show. Mas são adicionados elementos da tecnologia para transformar e expandir o formato.
Os já tradicionais guitarra e baixo são processados por efeitos eletrônicos diversos. Também são usados pedais equipados com sensores que criam e/ou modificam os sons a partir do movimento – fruto de uma parceria com o grupo Batebit Artesania Digital. Miguel Mendes, por exemplo, transformou um tapete de jogos de dança de Playstation 2 em uma pedaleira eletrônica para seu baixo.
Todo esse aparato não é gratuito. Tudo é pensado de modo a criar uma experiência com o público, e não somente no público. Nas palavras de Tomás, é uma “congregação” para quebrar a barreira que separa ouvinte e músico.
Ele detalha: “A ideia é usar a tecnologia comum de uma maneira diferente. A gente vai distribuir alguns celulares com aplicativos de movimento. Dependendo do movimento, faz um som diferente e a gente vai tentar acompanhar. É um formato aberto” – formato que, aliás lembra muito a peça Orquestra de Audiência, do Ensemblue Ü, executada em dezembro no festival Virtuosi.
Além disso, 110 cadeiras estarão em cima do palco, junto com os músicos e o ilumador Cleison Ramos, que exerce um papel fundamental em Estesia – em determinado momento há um solo de luz, sem música. “Ele fica no palco e também tem um papel cênico. A ideia é trazer para frente e mostrar para as pessoas como é feito esse trabalho de luz”, pontua.