O ano é 1995. Cidade de Little Rock, no Arkansas, Estados Unidos. É de lá que a união musical da vocalista e pianista Amy Lee e o guitarrista Ben Moody, que se conheceram em um acampamento de verão, constituiria a origem da banda de metal alternativo Evanescence, nome originado do latim, que significa desaparecer. Mas foram precisos oito anos e dois EPs neste caminho para o primeiro álbum de estúdio, Fallen, nascer no dia 4 de março de 2003 – há exatos 15 anos – e o conjunto fazer o contrário do que prega em seu nome, aparecendo não só para todo o território norte-americano, mas o mundo inteiro.
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Em aproximadamente 48 minutos e 11 faixas, que se tornariam 12 nas remessas posteriores, o disco completamente autoral, produzido por Dave Fortman e gravado na Califórnia, logo se tornaria um sucesso, vendendo 141 mil cópias na primeira semana e estreando na sétima posição da Billboard 200, chegando a ocupar o terceiro lugar menos de três meses depois. Estima-se que, mundialmente, o disco vendeu 17 milhões de cópias.
É em Fallen que estão os quatro sucessos mais emblemáticos do Evanescence. E coincidência ou não, são as quatro primeiras faixas do álbum: Going Under, Bring Me To Life, Everybody’s Fool e My Immortal. Mas as outras sete canções, definitivamente, não soam descartáveis. O disco como todo, que bebeu das fontes do gothic metal e nu metal, constrói um tipo de ópera sombria, que mescla a fúria das guitarras e bateria com o vocal lírico potente, quase angelical, de Amy Lee e a junção do piano, orquestra de cordas e coral, dando a dramaticidade necessária para cada música.
No Brasil, Bring Me To Life foi a 12ª música mais tocada no ano de 2003. E tudo isso graças à MTV Brasil, que veiculava o videoclipe várias vezes ao dia, pois este, que foi o primeiro single de Fallen, também fez parte da trilha sonora do filme Demolidor – O Homem Sem Medo (2003), da Marvel, lançado em fevereiro daquele ano.
Foi justamente o fator MTV que apresentou o Evanescence para a cientista de dados Déborah Mesquita, de 23 anos: “Eu lembro de conhecer a banda vendo o clipe de Bring Me To Life na MTV, e o que mais me chamou atenção foi a voz dela. Foi a primeira banda que eu realmente virei fã e continua sendo uma das minhas bandas preferidas até hoje. Gosto dos novos trabalhos, mas o Fallen continua sendo meu álbum preferido. Quando estou ouvindo sempre encho os pulmões pra cantar junto com as músicas”.
Eis aí um outro fator interessante deste álbum, que completa 15 anos de vida hoje: Fallen é um disco que “provoca uma raiva”, uma vontade de gritar para expurgar suas maiores dores e frustrações. Mesmo que você não esteja em um clima de conflito no momento, os arranjos musicais e as temáticas das canções instigam você a, no mínimo, refletir sobre a vida e suas escolhas.
As histórias que inspiraram algumas composições são a prova disso. Em várias entrevistas, Amy Lee comentou que Going Under, por exemplo, surgiu num momento em que percebeu que vivia um relacionamento anterior emocionalmente e fisicamente prejudicial. Já Everybody’s Fool foi inspirada após uma discussão de Amy com sua irmã, que tinha oito anos na época, e estava obcecada pelas estrelas da TV, a ponto de se vestir e querer ser exatamente como elas. Hello foi escrita em homenagem à irmã mais nova da vocalista, que faleceu aos três anos de idade devido a uma doença não identificada. E My Last Breath foi inspirada pelos ataques de 11 de setembro de 2001.
O disco impressionou público e também a crítica musical em geral. Uma das opiniões mais marcantes da época veio da revista norte-americana Spin, principal concorrente da Rolling Stone, que deu cinco estrelas ao trabalho, dizendo que Fallen “aborda questões com letras maiúsculas, Deus (Tourniquet), Amor (Going Under) e Morte (Bring Me To Life) – com a grandeza que elas merecem”.
Para os fãs, é quase unânime a opinião de que este álbum é a obra-prima da banda. “O grande diferencial é a mistura de estilos: o lírico, o gótico, o new metal e o heavy metal. Tudo foi feito com um esmero que ainda não tinha sido visto nas bandas de cá. Tanto é que nenhum dos outros três discos lançados por Amy Lee e companhia teve o sucesso, pelo menos ao meu ver, que o aclamado Fallen”, comenta o assistente de marketing Diogo Monteiro, de 28 anos.
Exaltações à parte, é importante ressaltar que Fallen fez a diferença para o Evanescence, para a música, no sentido de show biz pela popularidade que alcançou, mas para o movimento metal propriamente dito, sua real gênese, o disco é mais um na multidão. É a opinião do professor e metaleiro Danúbio Santos, de 29 anos. “O álbum é muito mais nu metal do que gothic. E acredito que não fez tanta diferença na cena porque a banda se tornou muito comercial aos olhos do metal tradicional. Porém, para o nu metal, o disco tem sua relevância”.
Se Fallen agrada ou não a um metaleiro raiz, isso é muito relativo. Mas mencionar os 15 anos do disco que apresentou Evanescence para o mundo faz-se necessário pela importância daquelas canções que trouxeram uma rebeldia com causa que faltava naquela época em que o pop plástico e chiclete dominavam as paradas.
O QUE DIZEM OS FÃS:
"Quando eu era adolescente, o Fallen foi um álbum que foi muito representante na minha vida. Na época foi bastante acolhedor e me traz boas recordações, marcou muito! Muitas das músicas expressavam emocionalmente situações no qual eu me identificava. As composições, as letras e a dedicação da banda foram simbólicos para muitos adolescentes daquela época, sendo um dos melhores álbuns de nu metal e gothic metal". (Flavyo Lima, 23 anos, diretor de arte)
"Conheci a banda através da MTV em 2003. Estava assistindo o programa Disk MTV e fiquei deslumbrada assistindo o clipe de Bring Me To Life. Além da voz da Amy ser linda, a história que passava no clipe me chamou a atenção, juntamente com o restante da banda e a participação do cantor Paul McCoy da banda 12 Stones como segundo vocal na música. Fui atrás do álbum de estreia deles e depois procurei mais sobre a história da banda e seus EPs e demos. O Fallen é um dos meus álbuns preferidos, sempre vou escutar, independente de quantos anos tenham passado". (Nathállia França, 29 anos)
"Conheci o Evanescence lá em 2006, quando uma amiga me mostrou que tinha saído o segundo álbum, o The Open Door. De cara, me viciei nas músicas e comprei todos os cds lançados na época. Escutava o Fallen dia e noite, até meus pais já sabiam a músicas decoradas! Muitos dos melhores momentos da minha vida tiveram músicas como Imaginary como triha sonora. Depois de 15 anos, escutar o Fallen de novo me traz nostalgia e belas recordações". (Tamires Coutinho, 23 anos, designer)