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Beth Carvalho faz novo show deitada no Rio de Janeiro e quer gravar um frevo

Artista luta contra complicações ósseas decorrentes de uma fissura na base da coluna vertebral

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Publicado em 28/09/2018 às 14:14
Roberta Pennafort/Estadão Conteúdo
Artista luta contra complicações ósseas decorrentes de uma fissura na base da coluna vertebral - FOTO: Roberta Pennafort/Estadão Conteúdo
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Beth Carvalho está diante de um dos maiores desafios de sua carreira de muitos desafios. Mulher branca da zona sul do Rio, Ipanema, estudada em colégio de elite no qual só havia um aluno negro e filha de pai intelectual de esquerda perseguido pela ditadura, chegou ao samba como gringa. "Isso até sentirem que eu tinha verdade no que fazia. E o samba é assim. Se eles sentem a verdade, eles respeitam." Aos 72 anos, um dos timbres mais belos da música brasileira percebido mesmo quando fala ao telefone, madrinha de Arlindo Cruz a Zeca Pagodinho, ela luta contra complicações ósseas decorrentes de uma fissura na base da coluna vertebral. Ela tem dores, mas está pronta para subir a um palco, novamente, deitada em uma cama.

O show será apenas nesta sexta-feira (28/9), no Credicard Hall. Beth vem para celebrar os 40 anos do álbum De Pé no Chão, um dos marcos fundamentais do samba, o início de uma era regida por um núcleo de instrumentistas e compositores identificados por Beth na quadra da escola de samba Cacique de Ramos, na zona norte do Rio: Fundo de Quintal.

Beth chamou o Fundo, de Bira Presidente, Hélio Caneca, Neoci Dias e Ubirany, e os levou para o primeiro tratamento digno em 1978, sob os cuidados de Rildo Hora. Fecharam um repertório com sambas como Ô Isaura (Rubens da Mangueira), Marcando Bobeira (João Quadrado, Beto Sem Braço e Dão), Goiabada Cascão (Wilson Moreira e Nei Lopes), Vou Festejar (Jorge Aragão, Dida e Neoci), Meu Caminho (Guilherme de Brito e Nelson Cavaquinho) e Agoniza Mas Não Morre (de Nelson Sargento). Mais do que o repertório, ficaria também uma nova linguagem pensada pelo grupo. Saía do centro o ritmo marcado por surdo, pandeiro e tamborim e entraria o novo núcleo adotado pelo fundo, com repique de mão, tantã e o banjo de Almir Guineto.

"Eu não sei se vou conseguir me sentar desta vez, como fiz no Rio. Ainda tenho dores e só estamos a alguns dias do show", diz Beth. Ela disfarça o suspiro do incômodo provocado pela dor e fala de samba com um ânimo de menina. "Ah, vou mexer um pouco no repertório. Quero colocar Trem das Onze, do Adoniran; Volta por Cima, de Paulo Vanzolini; e Tradição (Vai no Bixiga pra Ver), de Geraldo Filme."

Frevo

Beth fala de seu sonho para logo depois que ver lançado um DVD com a temporada de De Pé no Chão. "Quero um disco em que vou cantar o Brasil, músicas de várias regiões." O nome será Brasileiríssima. "Vou buscar músicas do Pará, do Amazonas, da Bahia, do Recife." Do Rio, entram os sambas, oito ou dez. Das demais, o carimbó (Pará), um frevo (Pernambuco), um samba de roda (da Bahia) e um sertanejo (de Mato Grosso). O repórter pergunta se ela pensa em ir a lugares menos visitados, como o Amapá. "Eu quero gravar um marabaixo. Você pode me mostrar alguns? Pode me mandar pelo WhatsApp?". O show não pode parar.

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