Esperança

Rael traz calmaria em tempos difíceis com 'Capim Cidreira'

'Capim Cidreira' é o quarto disco do rapper paulista Rael, que aposta em atmosfera de positividade para lidar com as turbulências por quais passou

Rostand Tiago
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Rostand Tiago
Publicado em 12/09/2019 às 12:03
Foto: João Wainer/Divulgação
'Capim Cidreira' é o quarto disco do rapper paulista Rael, que aposta em atmosfera de positividade para lidar com as turbulências por quais passou - FOTO: Foto: João Wainer/Divulgação
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Falar sobre as mazelas do mundo, principalmente quando o estado das coisas parece se tornar mais complicado a cada dia, pauta a criatividade do rap desde seus primórdios. Mas qual a importância de, no meio disso tudo, respirar e tentar enxergar o que ainda vale a pena ser vivido? É dentro desse escopo que age o Capim Cidreira do rapper paulista Rael, lançado hoje. Com produção do selo Laboratório Fantasma, fundado por Emicida e um dos mais sólidos da cena nacional, o disco busca falar de amor e momentos aprazíveis na tentativa de expressar esperança.

“Eu tenho um cantinho que chamo de horta, um estúdio onde semeio ideias, quando fui ver tava plantando. A partir daí, fui me vendo conectado com a natureza e lembrando do chá de capim cidreira que minha avó fazia. Na medicina popular, tem propriedades calmantes, anti-stress, antidepressiva. Era isso que queria passar com o disco", explica Rael. Assim, colheu uma atmosfera good vibe direto do pé, com folhas de reggae, MPB, sons africanos e boom-bap.

Seu processo de criação emerge dentro de uma ambiguidade, elemento que parece sempre estar circundando o rap. É a partir de um período de depressão que surge a leveza e a positividade impressa. No começo, as composições carregam bastante peso. Rael decidiu que não era isso que queria, mas sim "se reconectar com o amor, o amor próprio".

"Foi um processo mais violão e menos Twitter. As redes sociais surgem com essa ideia de aproximar as pessoas globalmente, mas vem afastando de uns anos para cá. Tô querendo ficar calmo, nessa vibe capim cidreira". Não queria ser mais um falando das mazelas do mundo, queria a calmaria, mesmo que eu não a estivesse vivendo e se tratasse de uma utopia que eu queria viver”, relata Rael, que vê nas palavras leves um poder de cura. 

Ritmos diversos

Em suas dez faixas, o rapper fala dos amores que chegaram e dos que se foram, deixando "só o cheiro". Fala de beijos, do sol, de plantas, da África e dos orixás. Produzido por ele do começo ao fim, bebeu na fonte do reggae e da MPB. A partir de viagens para países como Angola, Zimbábue e Tanzânia, incutiu também influências de musicalidades africanas. “Eu sempre fui do princípio de que o rap é ritmo e poesia, então o ritmo pode ser o que eu me identificar e a poesia o que eu quiser falar, não tem uma regra ou caixinhas. Escolhi fazer música para ser livre”, explica. 

Dentro da coletividade que envolve a produção de um disco, contou com ajuda de nomes como Rafael Tedesco, que editava no estúdio enquanto Rael produzia; Tofu Valeschi, responsável por consolidar alguns arranjos com metais, além da mixagem de Mauricio Cersosimo. Dentro da lista de artistas convidados, o álbum conta com nomes como o pagodeiro Thiaguinho e a banda Melim.

"Thiaguinho já tinha cantado no Tardezinha com ele, ele regravou música minha, eu, dele. Agora chamei pra fazer uma também, chamada Beijo B. Ele pirou na música e o resultado tá lá. Melim foi parecido, me chamaram pra fazer um som um tempo atrás e não consegui, mas fomos pegando sintonia. O disco é good vibes, bem solar, muito a ver com eles”, relembra.
O Capim Cidreira está disponível em todas as plataformas digitais. A partir da experiência do público, Rael começará a pensar como transportará sua atmosfera para as apresentações ao vivo. "De repente, levamos uma essência de cidreira para os shows, para acalmar o público", afirma. "É um disco para as pessoas respirarem, se divertirem e entrarem nessa vibe solar", conclui. 

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