Visceral

Perto do primeiro disco, Luiz Lins alcança lugares com intensidade

Cria de Nazaré da Mata, Luiz Lins se apresenta hoje na etapa Belo Jardim do Coquetel Molotov e vive um grande momento pouco antes do álbum de estreia

Rostand Tiago
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Rostand Tiago
Publicado em 19/10/2019 às 15:04
Foto: @RFerraz Fotografia/Divulgação
Cria de Nazaré da Mata, Luiz Lins se apresenta hoje na etapa Belo Jardim do Coquetel Molotov e vive um grande momento pouco antes do álbum de estreia - FOTO: Foto: @RFerraz Fotografia/Divulgação
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A etapa Belo Jardim do Festival No Ar Coquetel Molotov é encerrada hoje com sua programação de shows. Nomes como Academia da Berlinda, Jéssica Caitano e Ciel Santos se apresentam no palco principal, montado no Parque do Bambu, a partir das 17h55. No meio deles, há Luiz Lins. O cantor de 23 anos é a única atração a tocar nas duas etapas do festival. Mesmo ainda sem um disco, o músico carrega um repertório dono de uma autenticidade capaz de sustentar intensos shows, sendo escolhido, inclusive, para fazer a abertura da última passagem do Racionais MC’s pelo Recife.

Lins vem de Nazaré da Mata, onde deu os primeiros passos na música, muito impulsionado por um ambiente familiar muito ligado a música. Lá, durante a adolescência, começou a dar vazão a sua energia criativa, registrando suas produções de forma caseira.
Nessa levada, conheceu o produtor Mazili e as ideias bateram. Fundaram com outros artistas o PE Squad, selo que abriga hoje a produção do artista. "A partir desse encontro, com a PE Squad, a brincadeira virou algo sério. Minha metodologia permaneceu a mesma, de fazer as coisas em casa, só que mais profissionalmente", conta Luiz.

A musicalidade de Luiz Lins é madura, mas escorregadia às tentativas de colocá-la em caixinhas de gêneros. Há algo da atmosfera hip-hop, não a toa suas apresentações em diversos eventos de rap, mas vai além. É possível sentir uma espécie R&B, texturas de
uma música house suave, guitarras e beats. Para ele, é tudo sobre o swing e sintetizar um sentimento. "Não me importo muito com definição técnica e em pensar o que é aquilo que tô fazendo. Me importo com a cena que tem na minha cabeça, o momento, e dar um balanço a isso. É importante expandir os horizonte e ir me descobrindo. Todas as paradas que lancei são experimentações, tentativas de coisas", explica.

Dentro das experimentações, uma das grandes potências do que lançou até então é a intensidade com que se coloca intimamente nas letras. Há espaço para respiros que considera mais "superficiais", mas também carrega abraços, melancolia e uma visceralidade bem crua ao falar de amores e dores. Sente-se despido em se expor dessa maneira, mas também sente que é a coisa certa a se fazer. "É a coisa certa para a saúde da minha cabeça e para a saúde da minha alma. Ao mesmo tempo, me sinto mal em botar isso de uma maneira tão pública. Não sei se tem um jeito confortável para isso, é como se eu mexesse muita coisa e conseguisse falar sobre algo, mas talvez não quisesse falar isso para todo mundo, tem o ônus da coisa. É como um tipo de missão, de representar outros iguais a mim", explica.

O álbum de estreia

Agora chegou a vez de colocar toda essa pulsão em algo menos solto e com outro nível de coesão. Luiz está gravando seu primeiro disco, previsto para ser lançado em novembro. Classifica o momento de produzir esse trabalho como dotado de segurança e atrevimento nas escolhas sonoras, além de dar continuidade às conversas intimistas, ainda bebendo muito da fonte da dance
music. "Ele compartilha minha entrega com os trabalhos anteriores, minha vontade de ser melhor do que o passado e minha experimentação. Vai ser como uma estreia, uma primeira temporada de uma série, sentimentos diferentes de uma mesma pessoa. Não me importo com o resultado, como as coisas vão continuar, meu momento é o lançamento desse disco", elabora.

Para o show em Belo Jardim, Luiz promete trazer degustações do vindouro álbum e já ter o lançamento pronto na etapa Recife
do festival. "Isso é o trabalho da minha vida, então estarei, não literalmente, nu no palco, com os dois lados da cara para bater,
apostando em uma parada que amo de verdade. Feliz em dividir uma paradas que estou amando muito fazer, isso é mais importante do que qualquer coisa, o momento".

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