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Edital Natura Musical 2020 celebra a representatividade em São Paulo

Empresa de cosméticos anunciou os 41 artistas, entre novos e consagrados, além de bandas e coletivos culturais, que irá patrocinar no ano que vem

Robson Gomes
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Robson Gomes
Publicado em 01/12/2019 às 5:00
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Empresa de cosméticos anunciou os 41 artistas, entre novos e consagrados, além de bandas e coletivos culturais, que irá patrocinar no ano que vem - FOTO: Foto: Instagram/Reprodução
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SÃO PAULO – Diversidade, inclusão e sonoridade. Estas palavras podem sintetizar o evento que marcou a apresentação dos contemplados do edital Natura Musical 2020. A festa noturna, realizada na Casa Natura Musical, em pleno início de semana na capital paulista, reuniu parte dos 41 artistas responsáveis pelos projetos selecionados, além dos curadores, convidados e staff da marca de cosméticos para celebrar a boa música.

Representando Pernambuco no edital, o pianista Amaro Freitas foi contemplado pelo edital para a produção de seu terceiro disco. “Eu fico muito feliz pela aprovação do meu projeto. Acho que o edital é muito justo quando se trata da escolha desses trabalhos”, disse o músico, que ainda deu alguns detalhes de como será o novo projeto.

“O terceiro álbum, que já tem nome, mas não posso dizer, é um disco que vem falando sobre os temas da ancestralidade, de olhar para trás e se entender melhor, para compreender o presente e, talvez, melhorar o futuro. Esses são os provérbios que acompanham o sentido deste trabalho”, antecipa Amaro.

Vindo do reconhecimento de seus álbuns Sangue Negro (Independente, 2016) e o elogiado Rasif (Far Out Recordings, 2018), para o pianista, seu próximo trabalho vai se enveredar por algo mais desprovido de rótulos: “A música afro-brasileira está muito presente nos discos Rasif e Sangue Negro como uma desconstrução quando abordo o frevo, o maracatu, o baião, o coco, e cada coisa que vou esmiuçando ali. E esse terceiro disco virá mais livre disso. Talvez músicas sem rótulo. É simplesmente a música que sai de mim, que eu sinto quando falo nessas coisas”.

Amaro Freitas tem consciência de onde a sua música se encaixa no universo da música afro-brasileira. “Naturalmente a gente acaba representando (a música negra), principalmente pelo momento que vivemos no Brasil. Mas o que eu sempre falo é que precisamos entender que somos simplesmente um canal. Eu sou um canal onde recebo, estou na minha criatividade provocando, e consigo, através dos sons, tocar as pessoas”, completa.

REPRESENTATIVIDADE MUSICAL

E para tocar as pessoas através da música, é preciso pensar na diversidade cultural do Brasil. Algo que a Natura Musical tentou buscar em seus contemplados. É o que explica a gerente de marketing da Natura, Fernanda Paiva: “Essa responsabilidade é parte dessa consistência da visão do Natura Musical. Sempre acreditamos que o edital era uma política pública da Natura de geração de impacto na Cultura. Então tentamos sempre ser muito fiel aos critérios de avaliação, tornando públicos e transparentes para todo o mercado, e isso dá uma credibilidade, pois todo mundo sabe que vai ser avaliado. É sobre a excelência, a relevância artística e cultural, a capacidade de articulação com o mercado, é sobre o potencial de geração de impacto que cada proposta tem”.

Dando espaço para artistas novos e consagrados, além de bandas e coletivos culturais, o edital de 2020 chamou atenção por ter nomes de peso como João Donato, Elza Soares e Emicida. O produtor musical paulista Xuxa Levy, um dos 22 curadores do edital, comentou sobre o processo de seleção destes trabalhos.

“Às vezes um projeto é excelente, mas qual é a capacidade de execução desse projeto para que ele chegue no ouvido das pessoas? (...) Nomes como Elza Soares e Emicida sabemos que vão comunicar. Mas ao mesmo tempo, tem muita gente com um grande potencial de comunicação. Esse não foi o critério principal da escolha de Elza e Emicida, mas sim pela perenidade de seus projetos. É de algo que veio para ficar. Não estamos bancando uma fase desses artistas”, justifica.

Para Levy, todos os contemplados do Natura Musical 2020 têm um recado importante para a sociedade brasileira. “Vendo os contemplados deste ano, dos artistas veteranos aos mais novos, a sensação que eu tive era de um estilingue: uma coisa que busca a força no passado, para catapultar para um futuro com velocidade. Estamos homenageando, abraçando as grandes fontes, mas não para reverenciar o passado, mas de pegar força para ir para frente”, ressalta.

Com mais de 60% dos projetos selecionados deste ano protagonizados por afro-descendentes, nos mais diversos ritmos e manifestações, o edital da empresa de cosméticos abraça de vez o conceito de representatividade. Para o cantor Russo Passapusso, do BaianaSystem, que fará um projeto junto com a dupla Antonio Carlos e Jocafi apoiado pelo selo, reforçou o conceito de diversidade.

“É impossível agora fechar as portas para o movimento negro, para os índios, para os trans, para as mulheres. Até porque, se fechar, nós vamos derrubar. Hoje em dia não temos o processo de bonificação, e sim, de merecimento. E fora do merecimento, caso haja desmerecimento, teremos a fortificação, a resistência. Tudo isso anda muito ‘linkado’. Por isso eu olho sempre para trás para ter uma visão do que pode ser no futuro, e botando o pé no chão no presente”, declarou o baiano, que animou o público da Casa Natura Musical cantando com a nova dupla de trabalho, prestes a escrever um novo capítulo de suas carreiras na música brasileira.

*O repórter viajou a convite do Natura Musical.

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