Além do valoroso patrimônio histórico, o Pátio de São Pedro abriga diversos equipamentos culturais que poderiam devolver-lhe o movimento pulsante de outrora. “O show de Paulinho da Viola no pátio, no Carnaval, não foi prestigiado pela imprensa local. Mas porque o pessoal do Chico Science, os mangueboys, estão indignados – com razão –, a mídia resolveu olhar para o Pátio”, provoca Jomard Muniz de Brito. Ele se refere à repercussão acerca do descaso que sofre o Memorial Chico Science, denunciado pelo grupo Raízes do Mangue, no Facebook, no início do mês.
Vale informar que o JC publicou, há quase dois anos, um artigo no qual constata os mesmos problemas estruturais identificados atualmente. Há, inclusive, uma menção ao aporte da Secretaria de Cultura, de 2013, no valor de R$ 9 milhões, à iniciativa de otimização e democratização dos equipamentos culturais.
Na recente entrevista ao Caderno C, a secretária de Cultura Leda Alves menciona a criação de uma Gerência-geral de Engenharia e Manutenção para cuidar de todos os equipamentos. “Um projeto específico foi criado para as casas do Pátio de São Pedro, que têm uma importância ímpar e são integradas. É preciso cuidar das estruturas e da regularização dos documentos de posse”, admitiu ao repórter Mateus Araújo.
Ao passo que a Fundação e a Secretaria de Cultura esperam orçamento, alguns gestores trabalham com o que possuem, seja por meio da Lei do Orçamento Anual ou buscando patrocínio para além da gestão municipal. É o caso do Memorial Luiz Gonzaga, talvez o equipamento mais conservado do complexo cultural.
Quando precisa realizar evento, a gestão do Memorial faz projeto e encaminha-o para a Fundação. “Não me lembro de nenhum projeto meu que tenha sido negado ou readaptado. A gente faz tudo bem amarradinho, geralmente com parceiros. Conseguimos executar tudo o que idealizamos”, conta José Mauro de Alencar, pesquisador e gestor do memorial Luiz Gonzaga.
Mesmo com a visitação suspensa no Museu de Arte Popular, o gestor Anderson Santos se esforça: higieniza, mapeia, cataloga e pesquisa junto com sua equipe. No entanto, museu é para ser visitado – e o administrador não faz ideia de quando o MAP será reaberto, visto que está de portas fechadas desde julho de 2013. “A previsão para que volte a funcionar, só com a Prefeitura. Me deram a incumbência de cuidar do acervo – eu cuido. Mas a parte de infraestrutura, de saber quando ele vai estar pronto para uma nova exposição, é uma pergunta que tem que ser respondida pela própria prefeitura do Recife.”