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Filme pernambucano Boi Neon, de Gabriel Mascaro, ganha o Festival do Rio

Produção ganhou os prêmios de melhor longa de ficção, roteiro, atriz coadjuvante e melhor fotografia

Guilherme Genestreti e Luiza Franco
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Guilherme Genestreti e Luiza Franco
Publicado em 14/10/2015 às 8:06
Rachel Ellis/Divulgação
Produção ganhou os prêmios de melhor longa de ficção, roteiro, atriz coadjuvante e melhor fotografia - FOTO: Rachel Ellis/Divulgação
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 O filme Boi Neon, do pernambucano Gabriel Mascaro, foi o maior vencedor da edição de 2015 do Festival do Rio. Além do prêmio de melhor longa de ficção, levou como melhor roteiro, atriz coadjuvante (Alyne Santana) e melhor fotografia (Diego Garcia), pelo júri oficial. A cerimônia ocorreu na noite de terça (13).

A produtora do filme, Rachel Elis, recebeu os prêmios na ausência de Mascaro, que está fora do Brasil exibindo o filme em festivais internacionais. Na hora da cerimônia, ele se encontrava em Cingapura. Elis, que também é casada com o diretor, levou ao palco a filha bebê do casal.

Boi Neon, que já havia levado o prêmio especial do júri da mostra Horizontes, durante o Festival de Veneza, aborda o universo das vaquejadas no sertão brasileiro.

Com cenas explícitas de nudez, a trama gira em torno de um vaqueiro (Juliano Cazarré) que sonha trabalhar com moda. Com ele viaja Galega (Maeve Jinkings), dançarina que dirige um caminhão.

A inversão dos clichês sobre os gêneros -ou a dilatação deles, como descreve o diretor- é o tema central de Boi Neon, segundo longa de Mascaro, que no ano passado lançou Ventos de Agosto.

Em setembro, Mascaro disse à Folha de S.Paulo que queria retratar um sertão fora daquele em geral mostrado pelo cinema: cheio de fome e miséria. Eu não buscava o Brasil das tradições, mas o que mudou economicamente e modificou as relações humanas, afirmou durante o Festival de Veneza.

O filme será exibido na Mostra de São Paulo, a partir de outubro, mas ainda não tem data para estrear em circuito.

Como melhor documentário nacional, o júri oficial do festival escolheu Olmo e a Gaivota, de Petra Costa (Elena). O longa mergulha na intimidade de uma atriz de teatro que se descobre grávida.

Em seu discurso de agradecimento, Petra Costa dedicou o filme às mulheres. "Que todas as mulheres no Brasil possam se sentir donas dos seus corpos", afirmou.

Ives Rosenfeld (Aspirantes) e Anita Rocha da Silveira (Mate-me Por Favor) dividiram o prêmio de melhor direção de ficção. Em documentário, a diretora premiada foi Maria Augusta Ramos, por Futuro Junho, que retrata a cidade de São Paulo por meio de quatro pessoas distintas.

Mate-Me Por Favor, terror sobre adolescentes da Barra da Tijuca, também rendeu à estreante Valentina Herszage o prêmio de melhor atriz. Já Aspirantes também levou o prêmio de melhor ator para Ariclenes Barroso, que interpreta um jogador de futebol amador, enciumado do sucesso de seu melhor amigo.

Quase Memória, obra que rompe hiato de dez anos do diretor Ruy Guerra, ganhou o prêmio especial do júri oficial.

"No meio da apresentação comecei a suspeitar que fosse eu o vencedor. Fiquei em parte alegre, em parte preocupado porque isso significa que estão te colocando numa prateleira. E eu não vou largar tão cedo esta minha profissão de cineasta", disse Guerra na cerimônia.

Pele de Pássaro, de Clara Peltier, foi escolhido como o melhor curta-metragem.

VOTAÇÃO POPULAR

Na escolha do público, Nise - O Coração da Loucura, de Roberto Berliner, ganhou como melhor longa de ficção, e Betinho - A Esperança Equilibrista, de Victor Lopes, como melhor documentário.

Nise é um drama biográfico sobre a psiquiatra Nise da Silveira, que se opôs a métodos tidos como cruéis no tratamento de doentes mentais. O filme é protagonizado por Gloria Pires. Betinho resgata o trabalho do sociólogo e ativista famoso por sua luta contra a fome e pela anistia.

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