David Bowie

David Bowie inventariou obra antes de gravar o disco final

Uma compilação, mais uma caixa com doze discos em 2014

JOSÉ TELES
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JOSÉ TELES
Publicado em 13/01/2016 às 8:10
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Uma compilação, mais uma caixa com doze discos em 2014 - FOTO: Foto: divulgação
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David Bowie fez de Blackstar, seu último disco de estúdio, um golpe de mestre. A sua morte dois dias depois do lançamento do disco tornou clara a intenção de transformar a própria tragédia numa obra de arte. As letras de Bowie geralmente primam pelo obscuro, recorrem a desvios, parábolas, e simbolismo. Todos que escreveram sobre Blackstar tentaram entender nas entrelinhas estes que são os versos mais diretos que ele escreveu. Apenas os mais íntimos sabiam de seu estado grave de saúde, e souberam guardar o segredo para o qual o próprio Bowie começou a insinuar desde o ano passado quando lançou a que Nothing Has Changed, que é considerada sua melhor coletânea.

Para quem lançou algumas coletâneas “definitivas”, Nothing Has Changed foi uma estranha compilação. Ele selecionou 59 músicas, em três CDs. O primeiro deles com a maioria de canções inéditas ou obscuras, muito estranho para um produto que normalmente se faz com sucessos, mesclados com lados B. Mas esta abre com a então inédita Sue (Or In A Season of Crime), incluída em Blackstar. A letra tinha alguns versos nonsense: “Sue, the clinic called/the x-rays is fine” (Sue, ligaram da clínica/o raio-x tá legal”). Na crítica da revista Drowned in Soud, o crítico Andrzej Lukowski escreveu: “Um agonizante retrato, jazz e atonal, de um casamento transformando-se-se em pó. É o menos comercial de todos os singles de sua carreira”. Na letra de Sue (Or In A Season of Crime).



Uma coletânea que agora pode ser vista como um inventário da sua obra. Começando por músicas que não teria tempo de lançar me vida, a exemplo de parte do álbum Toy, que gravou em 2001, e foi arquivado (vazou na Internet em 2011). Um disco formado por inéditas e regravações de obscuras que fez nos anos 60. Nothing Has Changed foi tomada como mais uma idiossincrasia calculada de David Bowie, provavelmente a primeira no sentido anti-horário. Iniciava com inéditas e terminava com Liza Jane, o primeiro single do cantor, lançado 50 anos antes, e creditado a Davie Jones and the King Bees, mas na verdade gravado com The Lower Third.

Mas o inventário ainda não estava completo. Enquanto trabalhava Davi Bowie trabalhava em Blackstar, foi lançada a caixa Five Years 1969- 1973. O que tem Nothing Has Changed de concisão de tem esta segunda de amplitude. Foi reunido nela tudo que ele registrou no período de cinco anos em que em ele ascendeu de um outsider no pop glamuroso de Londres para ídolo internacional. São doze discos, os álbuns oficiais de carreira, raridades, sobras, com a emblemática inclusão do show no Hammersmith Odeon em junho de 1973, em que ele fecha a turnê Ziggy Stardust and the Spider of Mars, abrindo com Rock and Roll Suicide, e o comentário: “Este não é apenas o ultimo show da turnê, mas simplesmente o derradeiro que faremos”.

O DVD de Ziggy Stardust já havia sido lançado antes, mas agora ele vem completo, com mais um áudio de uma apresentação da turnê em Santa Monica, na Califórnia, em 1972. O personagem acompanhou Bowie até o final da carreira e da vida. Lazarus, personagem do polêmico clipe em que ele escancara seu estado terminal, foi interpretado como o ressurgimento de Ziggy com outro nome. Foi Ziggy, por quem anunciou o último ato do seu criador.

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