Artista que trabalha na fronteira entre o documental e o ficcional, Jonathas de Andrade está editando seu mais novo filme, O Peixe, para exibir na 32.ª Bienal de São Paulo, que será inaugurada em setembro. "É sobre uma vila de pescadores que têm como ritual abraçar os peixes na hora de pescar, como uma espécie de respeito, de acompanhamento para a passagem para a morte", conta o criador, que filmou a obra em 16 mm, em outubro de 2015.
A história de O Peixe, entretanto, é uma ficção criada por Jonathas de Andrade. Mais ainda, no sentido de explorar o limite entre o real e o inventado, o artista convidou dez pescadores verdadeiros do vale do Rio São Francisco para serem os "atores" do trabalho. O filme foi concebido para ser exibido em loop e a repetição da narrativa encenada por pessoas diferentes reforçará ou desmontará a dúvida sobre a veracidade do conto.
"Em O Peixe, foi a primeira vez que trabalhei com uma equipe de cinema, o que me fez repensar o modo de produção, me possibilitou uma maior concentração na direção, no controle da fotografia, foram coisas que curti fazer", afirma o artista. Ele também acaba de realizar outra peça cinematográfica, O Caseiro, na qual cria um espelhamento contemporâneo com o histórico filme Mestre de Apipucos (1959), retrato do cotidiano de Gilberto Freyre realizado pelo cineasta Joaquim Pedro de Andrade. "O cinema oferece ferramentas que experimentei", conclui Jonathas.
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"Hoje em dia, aquilo que a gente experimentava e considerava como realidade é ficção - as relações são ficcionais, a internet é ficcional", afirmou a artista Dora Longo Bahia na época da estreia de seu primeiro longa-metragem, O Caso Dora. O lançamento da obra também marcou a inauguração, em abril, da sala Antonio, dedicada à exibição de filmes na galeria Vermelho. Com uma tela para projeção e sofás, o espaço apresenta, atualmente, sessões de O Caso Dora e de Xapiri, de Gisela Motta e Leandro Lima - e prepara-se para estrear, no dia 14, um longa dirigido por Guilherme Peters e Roberto Winter.
Outra artista que se dedica à realização de filmes é Niura Bellavinha, que exibiu recentemente em São Paulo o média NháNhá (2014) e tem um longa-metragem de ficção em fase de pré-produção "Espero filmá-lo no ano que vem", conta a criadora, que assina o roteiro do trabalho e convidou Alexandre Baxter para a direção de fotografia. "Meu cinema também é pintura e para mim narrativa e ação estão amalgamadas", define.