A Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) começa nesta domingo (25) uma série de inaugurações e reaberturas de seus equipamentos no Recife. O primeiro é a Cinemateca Pernambucana, no Museu do Homem do Nordeste, que já está disponível com seu acervo físico e virtual para o público. Segunda (26), é a vez de entrega do edifício Ulysses Pernambucano, conhecido como a Fundaj do Derby, que passou por uma reforma de mais de dois anos.
A cerimônia hoje, às 18h30, para convidados, contará com a entrega do Prêmio Geneton Moraes Neto de jornalismo, que tem dois trabalhos do Jornal do Commercio entre seus três finalistas da categoria de texto jornalístico: Pelo Caminhar, de Roberta Soares, e À Luz de Verger, de Mateus Araújo. Além disso, o evento vai contar com a entrega de medalha pela contribuição para a educação brasileira a cinco nomes: João Carlos Paes Mendonça, Ricardo Brennand, Marco Maciel, Cristóvão Buarque e José Luiz Mota Menezes.
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Com a cerimônia, a Fundaj do Derby reabre suas portas com novidades. Na reforma de R$ 8 milhões realizara pelo Ministério da Educação (MEC), o edifício ganhou elevadores com geradores, melhores condições de acessibilidade para o cinema, novos equipamentos para incêndios e atualização estrutural. Além do Cinema da Fundação, com novas cadeiras e janelas, dois setores foram transferidos para o local: a Escola de Inovação e Políticas Públicas (EIPP), que ganhou um andar inteiro, e a Sala de Leitura, com uma exposição de livros raros.
A Galeria Vicente do Rego Monteiro também foi reformada, assim como os demais espaços do edifício, como o Centro Audiovisual Norte e Nordeste (Canne), a Massangana Produções, a Diretoria de Memória e Educação, Cultura e Arte (Meca), a Biblioteca Nilo Pereira e a Coordenação Administrativa e Financeira.
“Nós estamos á devolvendo esse espaço de arte, cultura e memória aos cidadãos. O ministro Mendonça Filho pediu para não medirmos esforços para concluirmos a reforma. Além de reformar o necessário, vamos trazer a escola de governo (a Escola de Inovação e Políticas Públicas), com locais para palestras, aulas e conferências”, explica Ivete Esteves Lacerda, presidente interina da Fundaj. “Ainda destaco que o trabalho de restauração teve um apreço aos detalhes do edifício.”
ARQUITETURA
Erguido na década de 1930, o prédio da Fundaj é um exemplar singular na arquitetura pernambucana. Foi criado – com vitrais do o arquiteto e artista alemão Heinrich Moser – para ser a sede da Escola de Aprendizes Artífices no Estado e ficou como centro estudantil, com funções diferentes, até a década de 1980, quando passou para as mãos da Fundaj. Ao contrário de outras escolas técnicas dos anos 1930, o edifício Ulysses Pernambucano adiantou elementos da arquitetura modernista no seu projeto – tanto que é tido como uma construção protomodernista e é considerado Imóvel Especial de Preservação (IEP).
“São quase 90 anos desde a criação do edifício. As demandas hoje são outras, tanto na climatização como na acessibilidade e segurança, ainda mais para um local que mudou de função” comenta Antônio Montenegro, diretor da Meca, um dos nomes que começou a discutir o projeto da reforma, há seis anos. Segundo ele, um dos cuidados foi o de conciliar a restauração e manutenção da arquitetura original com as novas necessidades.
Um dos exemplos é o dos ar-condicionados, que foram surgindo ao longo da existência do edifício e ocupavam o que hoje se tornou um vão livre, que dá vista para o pátio interno do espaço. Além disso, Montenegro ressalta a importância da Fundaj do Derby para o bairro. “É um local de potencial grande, acessível de todos os pontos da cidade e de Olinda, com uma localização excelente. Essa reforma existiu não só para recuperar o prédio, mas para mostrar o potencial do seu entorno”, comenta.
Um dos novos equipamentos, a Escola de Inovação e Políticas Públicas, que ocupa todo o terceiro andar do edifício, vai estrear no prédio da Fundaj com uma intensa programação. São 750 vagas para cursos e palestras organizados pelo setor entre 2 e 6 de abril, todos com inscrições gratuitas. Os interessado podem se cadastrar até hoje no eipp.fundaj.gov.br/portal/.
A Sala de Leitura, no térreo, vai trazer uma exposição das obras raras do acervo da Biblioteca Blanche Knopf da Fundaj. Estão lá vários exemplares do século 17, como o valioso História Natural da Medicina (Historae Rerum Naturalium Brasiliae). Além disso, o espaço traz preciosidades mais recentes, como a edição limitada de Assombrações do Recife Velho (1955), de Gilberto Freyre, que ganhou ilustrações de Lula Cardoso Ayres.
PROGRAMAÇÃO DA REABERTURA
Cinemateca Pernambucana – A inauguração do espaço acontece hoje, com homenagem ao diretor do ciclo do super-8 Geneton Moraes Neto. São mais de 100 filmes disponíveis para pesquisa, além de acervos especiais como roteiros, cartazes, fichas de produção e fotografias.
Sala Vicente do Rego Monteiro – A reabertura do espaço terá, a partir de amanhã, a exposição Raça, Classe e Distribuição de Corpos, com curadoria de Moacir do Anjos. A mostra traz imagens de vários formatos, como a pintura, fotografia, gravura, vídeo, cartão postal e até rótulo de cachaça, revelando a distribuição dos corpos na região Nordeste.
Sala João Cardoso Ayres – A partir da terça, a sala exibe o documentário Roteiro para Construir EUdifício, com direção de Luiz Felipe Botelho, dramaturgo e diretor da Massangana Produções Audiovisuais. O filme mostra a criação de personagem pelos próprios autores, em um curso ministrado dentro da própria Fundaj em reforma.
Sala de Leitura – O espaço vai receber uma mostra de obras raras da Fundaj, com títulos como História Natural da Medicina (1648), Berléus (1647) e Castrioto Lusitano (1679).
Escola de Inovação e Políticas Públicas – Vai receber cursos e palestras gratuitas entre 2 e 6 de abril. Os destaques são as palestras da jornalista Daniela Arbex, autora do livro-reportagem Holocausto Brasileiro, e da cientista da computação Camila Achutti e da fundadora da Associação Afrobusiness Brasil Fernanda Ribeiro.
Cinema da Fundação – Volta com uma programação especial e gratuita, que inclui filmes de Nelson Pereira dos Santos e Cacá Diegues. Além disso, haverá uma mostra com os filmes em super-8 de Geneton Moraes Neto, sessões com documentários pernambucanos feito por mulheres e a pré-estreia do filme Saudade, de Paulo Caldas.