Para o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, o cancelamento de peças previamente aprovadas pela Caixa Cultural por conta do seu conteúdo “não é censura”. A afirmação foi feita nesta semana, em entrevista ao Jornal Nacional, da Globo.
Depois de várias peças – já aprovadas em editais públicos da empresa, que assume o compromisso do patrocínio – serem canceladas sem motivos, o presidente do banco se pronunciou. Segundo ele, a Caixa não permite “espaço a posicionamentos políticos” em meio a suas peças.
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“Essa seleção já foi feita, ela tem contratos normais. Mas ela é para você falar da sua peça, não é para você fazer um posicionamento político no meio de uma peça. A gente não fez nenhuma contratação para fazer posicionamento político. Então, não há censura”, disse ele sobre o espetáculo infantojuvenil Abrazo, cancelado de última hora pela instituição sem comunicado ou esclarecimento prévio.
AÇÃO DO MPF
O Ministério Público Federal de Pernambuco ajuizou ação contra a Caixa Cultural, exigindo que a peça dos Clowns de Shakespeare tenha pelo menos outras oito sessões, no espaço da Caixa Cultural ou em outro teatro bancado pelo banco. Além disso, pedem indenização por danos morais coletivos no valor mínimo do dobro do patrocínio original para a peça.
O caso de Abrazos é apenas um dos que mostram a censura federal a produtos culturais – a Caixa impediu a realização, previamente aprovada, dos espetáculos Gritos e Lembro Todo Dia de Você, de uma série de palestras e a mostra de cinema Dorothy Arzner - Uma Pioneira em Hollywood.
Uma matéria da Folha de S. Paulo trouxe funcionários admitindo que a Caixa criou um sistema de “censura prévia” para os projetos dos seus centros culturais. As equipes seriam obrigadas agora a identificar “possíveis pontos polêmicos” e os posicionamentos políticos dos artistas participantes nas redes sociais.
O espetáculo Caranguejo Overdrive, que seria encenado no Centro Cultural Banco do Brasil, também teve sessões suspensas.