O poder judiciário, que tem como função primordial defender os interesses da população, sobretudo das minorias, não faz jus à sua definição em relação à população idosa. O Juizado Especial Cível e Criminal do Idoso, voltado exclusivamente para atender a categoria, fica em um beco sem saída no meio do bairro dos Coelhos. O prédio novo e bonito cedido pela Prefeitura do Recife tem dois acessos. Um pela Rua da Glória e outro pelo tal beco. Este acesso é um verdadeiro lamaçal e serve de banheiro público. Como fica espremido entre as madeireiras do Cais José Mariano, a rua serve de estacionamento para os caminhões que trazem as mercadorias para os estabelecimentos.
Depois das 18h, o local virá um ponto de consumo de drogas, onde nenhum taxista tem coragem de entrar para pegar passageiros. O horário de funcionamento do juizado é das 13h às 19h. “A prefeitura cedeu o prédio, mas a rua de acesso na verdade foi aberta pelas madeireiras para facilitar a entrega das mercadorias. A rua é escondida, escura, sem calçamento e não tem policiamento”, explica a coordenadora adjunta da Coordenação dos Juízados, Rejane Cavalcanti. Algumas vezes, acontece de os idosos pegarem carona com os funcionários até um ponto de ônibus mais seguro no Centro da Cidade.
“O Tribunal de Justiça de Pernambuco não fornecer a segurança diária nem para os idosos nem para o servidores que trabalham no órgão. Queremos que pelo menos o horário de atendimento mude para a manhã”, informa Rejane. O fato de não ter policiamento preventivo na rua é curioso, já que na parte da frente do prédio, na Rua da Glória, funciona a Delegacia do Idoso. “Essa área é super perigosa, toda vez que tenho que vir aqui fico com medo. O atendimento do órgão é bom, mas o local é terrível. Acho um desrespeito. Imagina um idoso que tem que andar com cadeira de rodas para entrar aqui no meio dessa lama. Ainda bem que não tenho problemas de locomoção”, explica José Tito, 82 anos.
Os advogados que frequentam o local dizem que o órgão é desorganizado. “Vim checar um processo hoje, mas ele foi perdido. Nenhum funcionário conseguiu achar”, diz o advogado Márcio Tavares. “Entrei com um processo no juizado contra a Celpe e depois de uma ano de tramitação, quando ia sair a sentença, o processo foi extinto porque eles alegaram que faltava minha assinatura na última folha. Tenho certeza que a última folha foi alterada. Mesmo assim, era para eles terem visto isso antes”, completa o advogado Danilo Carvalho.