Um dia depois de forte queda da Bolsa chinesa, o encontro dos líderes dos Brics na Rússia nesta quinta-feira (9) foi marcado pela profunda preocupação com o cenário econômico dos países emergentes. As palavras "dificuldades", "crise", "recuperação" e "desaceleração" pontuaram os discursos dos chefes de Estado do bloco, entre eles Dilma Rousseff (Brasil), Xi Jinping (China) e Vladimir Putin (Rússia), anfitrião do encontro realizado na cidade russa de Ufá. Além dos três países, Índia e África do Sul integram o bloco, que realiza sua sétima cúpula.
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Foi o primeiro pronunciamento público do dirigente chinês na presença dos líderes dos Brics após a pane da Bolsa da China na quarta (8), com desvalorização nos preços e suspensão de negócios de mais da metade de papéis de empresas negociadas em Xangai e Shenzhen.
Jinping não mencionou especificamente a turbulência de quarta, mas disse que há um cenário de "dificuldade temporária" e "desaceleração dos países emergentes". Segundo ele, a recuperação tem sido lenta, criando um "desafio" para os países dos Brics.
Já a presidente Dilma afirmou que os Brics precisam reagir ao cenário negativo com o fortalecimento do comércio e investimento entre os países. "Nesse momento de crise internacional, nós devemos reforçar cada vez mais o papel dos Brics, tão importante para o desenvolvimento global", disse.
Ela detalhou aos chefes medidas que tem tomado no Brasil, e convocou os países do grupo a estimular as empresas locais a participarem do novo pacote de investimentos em infraestrutura do seu governo. "No Brasil, estamos fortalecendo nossas políticas macro e microeconômicas para retomar o mais breve possível o crescimento sustentável da economia", disse Dilma.
O presidente Vladimir Putin fez um breve balanço da situação econômica da Rússia, que, desde o ano passado, sofreu uma forte desvalorização de sua moeda, o rublo. "Apesar de todas as dificuldades na economia, estamos controlando as bases fundamentais, como taxa de desemprego, nossas reservas, a estabilidade da balança comercial e da moeda", afirmou.
O encontro tem se sustentado no discurso de implementação do NBD (Novo Banco de Desenvolvimento), anunciado no ano passado pelos Brics. O banco começará a funcionar em 2016 com um capital de US$ 50 bilhões, podendo chegar a US$ 100 bilhões.
Para a presidente Dilma, a queda de 50% de investimento externo direto no mundo faz do novo banco uma ferramenta para projetos de infraestrutura. Ela mencionou um estudo de que os países em desenvolvimento precisarão de um volume de investimentos de US$ 1 trilhão por ano até 2020.
A agenda política tímida do encontro contribuiu para transformar a crise econômica no tema principal da cúpula. A declaração final do encontro em Ufá não deve abordar com profundidade questões polêmicas. Há uma menção ao conflito na Ucrânia, em que os russos são acusados de apoiar separatistas.
Os Brics farão um mero apelo contra qualquer solução militar para a região. De maneira genérica também serão tratadas as sanções do bloco europeu contra a Rússia e questões cibernéticas e de terrorismo.