O dólar andou na contramão da tendência internacional e fechou em queda de 1,47% ante o real nesta terça-feira, 8, a R$ 3,7379 no mercado à vista, menor cotação desde 24 de novembro de 2015. A queda ocorreu a despeito da aversão ao risco que predominou no mercado externo, fazendo o dólar subir frente à maioria das divisas de países emergentes. Dois fatores contribuíram para esse descolamento: o noticiário político desfavorável ao governo e leilões de linha cambial (venda de dólares com compromisso de recompra) anunciados para amanhã pelo Banco Central.
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O dólar chegou a subir pontualmente nos primeiros minutos de negociação, mas inverteu a tendência ainda na primeira meia hora. Pesaram notícias como a condenação do empresário Marcelo Odebrecht a 19 anos e 4 meses de prisão e as especulações de que os donos da Odebrecht e da OAS negociam delação premiada, no âmbito da Operação Lava Jato. Além disso, a cúpula do PMDB no Senado dá sinais de divisão, com alguns integrantes reavaliando a posição de apoio, por entender que a situação governo vem se agravando nos últimos dias. O noticiário contou ainda com informação de que a empreiteira OAS pagou por uma palestra do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Chile antes da formalização do contrato.
As notícias reacenderam a percepção de que são crescentes as chances de saída de Dilma Rousseff do governo, o que agrada grande parcela dos investidores, que apostam na ruptura como forma de destravar os nós da economia do País. Com isso, o dólar sustentou a tendência de queda mesmo com o cenário internacional adverso. Entre as notícias negativas estiveram o resultado fraco da balança comercial chinesa e a nova queda dos preços do petróleo, alimentada pela falta de consenso entre os países produtores.
À tarde o Banco Central anunciou que realizará amanhã dois leilões de linha (venda com compromisso de recompra), no montante de até US$ 2 bilhões. A instituição informou apenas que se trata de dinheiro novo no mercado, e não rolagem, como já havia anunciado para os meses de fevereiro e março.
O Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, apurou, no entanto, que a ação do BC teve como objetivo administrar a liquidez do mercado, uma vez que há interesse por parte de alguns investidores de deixar o Brasil. Para isso, eles precisam de uma contraparte das instituições financeiras para liquidarem suas posições. O anúncio da realização dos leilões confirma rumores que circularam no mercado na última semana, de que o BC consultava bancos dealers para avaliar a necessidade da oferta de linha.