O dólar à vista terminou o último dia de março em baixa de 0,61%, cotado a R$ 3,5913. Com esse resultado, a moeda norte-americana acumulou queda de 10,09% frente ao real. Essa desvalorização no mês reflete essencialmente a repercussão de fatores políticos que enfraqueceram o governo Dilma Rousseff.
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Os investidores reagiram de maneira otimista ao aumento das chances de uma troca de governo, por estarem convencidos de que um impeachment presidencial seria a solução para os impasses político e econômico. O ponto máximo até agora foi a saída do PMDB da base de apoio a Dilma, oficializada na última terça-feira (29). Desde então, a busca do governo por contraofensivas trouxe incertezas ao cenário e favoreceu as correções em baixa na Bovespa. A negociação de cargos entre o Planalto e partidos pequenos para garantir votos contrários ao impeachment foi um dos fatores que geraram cautela nos investidores. Hoje, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) disse acreditar que a saída do PMDB foi "precipitada".
Além disso, os ministros do Supremo Tribunal (STF) decidiram, por 8 votos a 2, pela manutenção da liminar do ministro Teori Zavascki, que ordenou ao juiz Sergio Moro que remetesse à Corte o caso das interceptações telefônicas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em vídeo enviado a manifestantes contrários ao impeachment, Lula disse que "a democracia custou luta, sacrifício e mártires".
O mercado de câmbio também foi influenciado por fatores específicos. A pressão dos investidores "vendidos" na formação da Ptax do último dia de março e a venda de apenas 17% da oferta do Banco Central de swaps cambiais reversos trouxeram forte pressão de baixa para o dólar. Tanto que a moeda americana chegou a cair mais de 2% durante a manhã. À tarde, passada a Ptax, houve certa correção nas cotações e o dólar ganhou força. As discussões no STF reforçaram esse movimento.