A queda do Indicador Antecedente Composto da Economia (IACE), divulgado nesta sexta-feira, 17, pela FGV/Ibre e pelo The Conference Board, reflete mais uma vez as incertezas provocadas pelas eleições presidenciais e a fraca demanda doméstica, avaliou o economista da FGV/Ibre, Paulo Picchetti. De acordo com ele, a desaceleração desse recuo na comparação com agosto sinaliza, contudo, uma possível estabilização dessa queda para os próximos meses.
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Em setembro, o IACE caiu 0,4%, ante recuo de 1% em agosto (dado revisado), configurando a oitava queda nos últimos nove meses. Apenas três dos oito componentes contribuíram positivamente para o indicador no mês passado. "A leitura que fazemos é de que já estamos em um contexto em que o nível de atividade desacelerou a um nível bem fraco e que não vamos desacelerar ainda mais. Ou seja, a ideia é de continuidade do quadro de estagnação que vivemos", afirmou Picchetti.
O economista explica que o resultado foi bastante influenciado pelas eleições, pois quatro dos oito componentes analisados são muito ligados à expectativa. "Um deles é o desempenho do Ibovespa, que, em setembro, caiu mais de 11% por conta do cenário eleitoral", citou. Ele prevê que, nos próximos meses, o indicador estará condicionado não só ao resultado da eleição, mas às sinalizações que o novo presidente dará. "Qualquer que seja o vencedor vai ter que dar sinalização bem mais clara do que a dada hoje para rever essas expectativas", defendeu.
Em nota à imprensa, o economista do The Conference Board Atama Ozyildirim, por sua vez, destacou que o resultado de setembro do IACE é consequência também das contribuições negativas das expectativas industriais, que foram "parcialmente compensadas pela melhora das expectativas do consumidor". Ele ponderou, no entanto, que, embora seja cedo para concluir que a tendência de queda terminou, a evolução semestral do indicador sugere que a fase de enfraquecimento das condições econômicas "podem moderar nos próximos meses".
Indicador Coincidente
Em relação ao Indicador Coincidente Composto da Economia (ICCE), Picchetti afirma que o avanço de 0,1% em setembro, após alta de 0,5% em agosto, reflete muito o mercado de trabalho brasileiro, que vem mantendo ganhos positivos na criação de empregos e no aumento da renda, apesar do desempenho fraco da atividade econômica. "Para o futuro, independente de quem ganhar a eleição a questão toda será quanto essa desaceleração da economia vai chegar ao mercado (de trabalho). Até agora chegou de forma limitada", prevê.