De cada 100 industriais que fabricam produtos associados a processos biológicos, 55 esperam investir mais nessa área nos próximos três anos. E 53 disseram que já alocaram mais recursos nessa área nos últimos três anos. É o que mostra pesquisa inédita que a Confederação Nacional da Indústria (CNI) deverá divulgar na quinta-feira (23) durante o 3º Fórum de Bioeconomia - políticas públicas e ambiente para inovação e negócios no Brasil, a ser realizado em São Paulo, no hotel Grand Hyatt.
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Esse termo novo, que se refere à produção associada a processos biológicos, abrange desde o agronegócio até a nanotecnologia. É considerada como a nova fronteira do desenvolvimento econômico, dada a demanda por produtos e processos sustentáveis. O Brasil é apontado como uma potencial referência mundial em bioeconomia por 93% dos industriais entrevistados. Porém, para 76%, o País não tem aproveitado essa suposta vantagem.
O principal entrave é regulatório. A legislação de 14 anos que disciplina o acesso ao patrimônio genético dificulta o acesso dos pesquisadores, por exigir autorização do Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (Cgen). Esse colegiado tem sido lento em analisar os pedidos e, nos últimos dez anos, só autorizou um em cada três solicitações de pesquisa.
Há também um componente de insegurança jurídica, pois empresas que fabriquem produtos originados na cultura tradicional - como, por exemplo, um medicamento criado a partir do conhecimento de indígenas sobre as propriedades de plantas - precisam dividir o ganho com os detentores do saber. Mas os critérios para essa repartição não são claros. Ainda assim, o Brasil tem registrado casos de sucesso, em que produtos e processos gerados em laboratórios ganharam escala comercial.
A pesquisa da CNI abrangeu também uma amostra mais ampla, formada por empresários, autoridades do governo e acadêmicos. Desses 81,5% consideram que o Brasil tem vantagens em comparação com os demais países para atuar em bioeconomia. A principal delas é a biodiversidade. Porém, nessa mesma amostra, 92,3% consideram que o País tem desvantagens, sendo a número um o marco regulatório inadequado.
As áreas apontadas como as mais promissoras são: agricultura, biocombustíveis, farmacêutica, agronegócio, biotecnologia, energética e alimentícia.