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Setor de portos vive corrida para comportar meganavios

Apesar de nova geração de navios de grande porte, nem todos os portos têm infraestrutura para receber as embarcações

Danilo Galindo
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Danilo Galindo
Publicado em 03/11/2014 às 8:47
Foto: Ivan Bueno / SEIL
Apesar de nova geração de navios de grande porte, nem todos os portos têm infraestrutura para receber as embarcações - FOTO: Foto: Ivan Bueno / SEIL
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A conclusão das obras de ampliação do Canal do Panamá, prevista para o ano que vem, tem provocado uma corrida por modernização e ampliação dos terminais de contêineres. Com a abertura das eclusas, as companhias de navegação terão à disposição uma nova geração de navios de grande porte para circular pela costa brasileira.

Nem todos os portos, entretanto, terão infraestrutura adequada para receber essas megaembarcações, com 366 metros de comprimento e 51 metros de largura. Alguns até poderão permitir a atracação no cais, mas a produtividade poderá cair. Um terminal que hoje recebe dois navios de 250 metros, por exemplo, só terá espaço para uma embarcação. Por isso, os donos de terminais de contêineres já estão com projetos prontos para ampliar e reforçar o cais, aprofundar o berço de atracação e comprar equipamentos maiores, como os portêineres com lança de alcance de até 52 metros.

As empresas que têm direito à renovação dos contratos de arrendamento estão incluindo a adequação dos terminais nos projetos apresentados para o governo federal. Pela nova lei dos portos, aprovada em 2013, os terminais que têm cláusula de renovação dos arrendamentos poderão pedir a antecipação desde que apresentem um projeto de expansão.

Há hoje na Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) cerca de 20 pedidos para renovação antecipada dos contratos. Sete já seguiram para aprovação da Secretaria de Portos (SEP), que tem meta de avaliar todos até o fim deste ano. Mas o órgão alerta que o cronograma é preliminar. Alguns processos são mais complexos que outros e podem demandar mais tempo de análise, afirma a secretaria.

O presidente da Associação Brasileira de Terminais Portuários (ABTP), Wilen Manteli, destaca que, no total, são 40 pedidos entre renovação antecipada e ampliação de área (sem renovação de contratos). Se aprovados, os planos representarão investimentos de R$ 7 bilhões no setor, afirma o executivo. "Mas o processo está muito devagar, muito burocrático."

Entre os pedidos em análise na SEP estão o do Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP) e o Tecon da Santos Brasil. Antonio Carlos Duarte Sepúlveda, diretor-presidente do terminal santista, o maior do Brasil, diz que o programa apresentado pela empresa prevê investimentos de R$ 1,1 bilhão durante quatro ou cinco anos.

O plano inclui a compra de oito novos portêineres (guindastes sobre trilhos que embarcam e desembarcam contêineres) de 52 metros, expansão do cais e aprofundamento do berço de atracação para 17 metros. "Além disso, queremos aumentar a capacidade do ramal ferroviário. Hoje, o transporte pelos trilhos tem participação de apenas 5% no terminal. É muito pouco. O mundo trabalha com 30%", afirmou.

Sepúlveda destaca que a inauguração do Canal do Panamá e a chegada de grandes navios representa um grande marco para o setor. Como o volume de carga em contêineres está aumentando, até mesmo na área de grãos, a circulação de grandes embarcações significará melhora na produtividade dos terminais - no Tecon de Santos, o índice médio está em 108 contêineres movimentados por hora.

Além de adequar o terminal aos grandes navios, o plano da Santos Brasil tem o objetivo de fazer frente aos novos concorrentes, que estão no seu calcanhar: a Brasil Terminal Portuário (BTP) e a Embraport, inaugurados em 2013, em Santos. A BTP, que tem como sócios a dinamarquesa Maersk e a suíça MSC, ultrapassou o Tecon em movimentação em setembro - no ano, o Tecon ainda é líder. Além disso, BTP e Embraport já nasceram adaptadas aos padrões dos grandes navios.

Expansão

O Grupo Libra, que também sente os reflexos da concorrência com os dois novos terminais, espera autorização da SEP para um projeto de expansão de quase R$ 800 milhões. Em Santos, a Libra Terminais tem três áreas, sendo que uma delas vence em setembro do ano que vem. As demais, em 2018 e 2020.

Nesse caso, no entanto, o plano ainda depende de acordo sobre uma dívida antiga da Libra com a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), que administra o Porto de Santos. "Mas acreditamos que até o fim do primeiro trimestre tenhamos uma resposta", diz o diretor da Libra, Roberto Teller.

Em operação desde 2011, o Porto Itapoá, em Santa Catarina, é um dos mais novos terminais de contêineres do País, mas também já tem pedido de expansão da área em análise na Antaq. O diretor do terminal, Marcio Guiot, afirma que a expectativa é iniciar em 2015 as obras que vão quadruplicar a capacidade atual.

A expansão será dividida em duas fases, somando R$ 1 bilhão de investimentos. Quando concluídas as obras, o terminal terá capacidade para movimentar 2 milhões de teus (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés). O atual cais, de 630 metros de comprimento, passará a ter 1.200 metros; e o pátio, de 156 mil metros quadrados, será aumentado para 450 mil metros quadrados.

"Esperamos iniciar nossa expansão de berço e área e compra de equipamentos maiores no primeiro trimestre de 2015", diz Guiot.

Na avaliação do consultor da Porto Assessoria, Nelson Carlini, também presidente do Conselho de Administração da Logz (formada por fundos de investimentos administrados pela BRZ), os terminais de contêineres melhoraram bastante nos últimos anos, investindo em máquinas novas e treinamento. "O problema é a baixa profundidade do canal de acesso marítimo." Manteli completa: "Os terminais fazem a movimentação rápida, mas os navios demoram para entrar e sair por causa das limitações no acesso. O governo precisa fazer a parte dele".

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