As taxas de juros cobradas no cartão de crédito atingiram o maior patamar em quase 15 anos, de acordo com dados da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade) divulgados nesta quarta-feira (10).
Leia Também
Os juros médios cobrados na modalidade chegaram a 10,90% ao mês (ou 246,08% ao ano) em novembro, maior patamar registrado desde janeiro de 2000, quando a taxa era de 10,93% ao mês (ou 247,21% ao
ano). Em outubro, o juro médio foi de 10,78% ao mês (241,61% ao ano).
Parte do aumento é explicado pela retomada do ciclo de aumento da taxa básica Selic, iniciada na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) de fins de outubro e continuada no encontro da semana passada, diz Miguel Ribeiro de Oliveira, coordenador da pesquisa e diretor executivo da entidade.
Esse aperto monetário faz com que aumente o risco de inadimplência, afirma Oliveira. "Esse cenário se baseia nos índices de inflação mais elevados e juros maiores, que reduzem a renda das famílias", afirma.
"Além disso, o baixo crescimento econômico, que contribui para o aumento dos índices de desemprego, e as expectativas negativas para 2015 levam as instituições financeiras a aumentarem suas taxas de juros para compensar prováveis perdas com a elevação da inadimplência", complementa.
Os juros no cheque especial também subiram e renovaram o maior valor em quase 11 anos. A taxa média cobrada em novembro deste ano foi de 8,56% ao mês (ou 167,94% ao ano), enquanto em dezembro de 2003 foi de 8,64% ao mês (ou 170,32% ao ano). Em outubro, a taxa havia sido de 8,50% ao mês (ou 166,17% ao ano).
De acordo com a Anefac, o juro médio ao consumidor cobrado nas operações de crédito passou de 6,08% ao mês em outubro (ou 103,05% ao ano) para 6,14% ao mês (ou 104,43% ao ano) em novembro.
Todas as seis linhas de crédito pesquisadas pela associação registraram alta em novembro (confira abaixo).
Em setembro deste ano, as taxas de juros cobradas dos consumidores deram uma trégua e caíram, após 15 meses seguidos de alta. A queda refletiu a interrupção, por parte do Banco Central, do ciclo de aumento da taxa básica de juros, a Selic, até então.
PESSOA JURÍDICA
Os juros médios cobrados de empresas registraram alta em novembro, passando de 3,44% em outubro (ou 50,06% ao ano) para 3,49% no mês passado (ou 50,93% ao ano).
As três linhas de crédito analisadas viram seus juros subirem. No capital de giro, os juros subiram de 1,93% ao mês em outubro para 1,96% em novembro.
Já a taxa de desconto de duplicatas avançou de 2,52% ao mês em outubro para 2,56% mensais em novembro. A conta garantida passou de 5,87% ao mês em outubro para 5,94% ao mês em novembro.