O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) interditou no fim da noite desta terça-feira (20) a sede da empresa Contax, localizada no bairro de Santo Amaro, área central do Recife. A empresa, a maior em atuação no serviço de teleatendimento do País, abriga 14 mil empregados. O MTE realizou uma vistoria no local e detectou que a empresa não estava cumprindo as exigências para a garantia da saúde dos funcionários. Empregados que preferiram não se identificar informaram que as condições de trabalho são ''desumanas''.
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Entre as principais reclamações estão a falta de higiene de espaços e equipamentos no ambiente de trabalho e postura de assédio moral por parte de supervisores e coordenadores. Os funcionários também são impedidos de beber água e ir ao banheiro durante o expediente, além de receberem cobranças e metas excessivas. A maioria dos empregados tem idade de 18 a 25 anos. A interdição só será suspensa após a regularização das infrações. O descumprimento da interdição pode gerar prisão para o autor da liberação.
Na noite dessa terça-feira, agentes da Polícia Federal retiraram os funcionários do prédio e os orientavam a esperar por informações sobre o retorno das atividades. "Por volta das 23h30, todos os empregados que estavam trabalhando já haviam sido liberados e aqueles que iriam começar o expediente de meia-noite foram impedidos de entrar na empresa", explicou o vendedor Adelson Silva, que trabalha em frente à unidade da empresa, que presta serviços de call center a quatro bancos e três operadoras de telefonia.
Um comitê de crise se reunirá nesta quarta-feira (21) para definir as medidas que serão tomadas. Também nesta quarta, serão apresentados oficialmente os resultados dessa ação, que integra uma mobilização nacional de fiscalização nas centrais de teleatendimento da Contax e Contax Mobitel nos estados do Ceará, Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
No fim do ano passado, a empresa foi atuada por terceirização ilícita dos serviços, além de assédio moral e adoecimentos em massa. Na última vistoria realizada pelo MTE, as infrações geraram quase mil autuações por atividades indevidas, que juntas somaram mais de R$ 300 milhões em multas. O volume de irregularidades faz o ônus da empresa superar os R$ 2 bilhões, devido a pagamentos em atraso e débitos de salário e Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).
Após recorrentes orientações e termos de ajustes indicados pela Justiça do Trabalho, a nova ação avaliou que as leis trabalhistas permanecem sendo descumpridas. A Contax é líder em reclamações e denúncias recebidas pelo MTE. De janeiro a março de 2013, quase nove mil atestados foram apresentados na empresa. Os afastamentos são causados em sua maioria por tendinites, depressão, síndrome do pânico e infecção urinária causadas pela dinâmica de trabalho adotada na unidade.