RIO DE JANEIRO, RJ - O Brasil devolveu, nesta terça-feira (27), parte da energia importada da Argentina na semana passada, depois do apagão que atingiu 11 Estados e o Distrito Federal, informou o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico).
Segundo o relatório Informativo Preliminar Diário de Operações (IPDO), a exportação da energia para o país vizinho ocorreu a pedido do operador argentino, "em função da redução não programada de disponibilidade de geração naquele país". A transferência ocorreu das 15h05 às 17h14.
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O volume devolvido é menor do que o importado na semana passada. A soma das cargas importadas pelo Brasil na terça e na quarta-feira passadas foi de 1.796 MW. No horário de pico, registrado no início da tarde de ontem, a transferência para a Argentina chegou a 205 MW (megawatts). O envio de energia foi de 17 MW médios ao longo do dia.
Na semana passada, o operador do sistema brasileiro autorizou o uso de um dispositivo firmado em contrato em 2006 entre os dois países para troca de energia em momentos de emergência.
A transação não envolve dinheiro e é feita com um sistema de créditos e débitos de energia. Na terça passada (20), quando o dispositivo foi usado pela primeira vez no governo de Dilma Rousseff, não havia créditos ou débitos de nenhum dos lados.
O Brasil tem contratos semelhantes com Paraguai e Uruguai. A energia transportada para a Argentina saiu do país por uma ligação no município de Garruchos, no Rio Grande do Sul.
Na ocasião em que fez a importação, o país estava em um momento delicado. Acabava de sair de um apagão determinado pelo ONS porque a geração não atendeu a demanda por energia no novo horário de pico, à tarde, e registrava recordes de consumo nas regiões sudeste e nordeste por conta do calor excessivo.
Nesta segunda-feira, quando parte da energia foi devolvida ao país vizinho, não houve recorde de consumo. Foram demandados do sistema 81.258 MW no horário de pico, verificado às 15h29. O último recorde do SIN (Sistema Interligado Nacional), que é o sistema que abrange as quatro regiões do país, foi no dia 5 de janeiro, com 85.708 MW.
No dia do apagão, porém, o Nordeste havia batido o recorde de consumo, demandando do sistema uma carga de 12.166 MW. Dois dias depois do apagão, foi a vez do Sudeste bater recorde de consumo, de 51.894 MW. A devolução da energia, portanto, deve ocorrer de forma parcelada, em dias em que a oferta e a demanda não estiveram tão apertadas.