A Bolsa brasileira fechou perto da estabilidade nesta quinta-feira (29), após um dia de oscilação provocada pelas ações da Petrobras e da mineradora Valem, que caíram. No entanto, alguns resultados corporativos positivos ajudaram a sustentar o leve ganho do principal índice do mercado acionário do país.
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O Ibovespa encerrou o dia com leve alta de 0,14%, para 47.762 pontos. Das 68 ações negociadas no índice, 42 subiram, 22 caíram e quatro encerraram o dia estáveis. O giro financeiro no pregão foi de R$ 6,7 bilhões, superior ao volume médio diário negociado, de R$ 6,2 bilhões, até o dia 28.
As ações da Petrobras tiveram novo dia de desvalorização. Após caírem 11,21% na quarta-feira (28), os papéis preferenciais da empresa -os mais negociados- registraram novo tombo neste pregão. No dia, as ações chegaram a cair 7,64%, mas amenizaram a queda na parte da tarde e fecharam em baixa de 3,10%, a R$ 8,75.
Já as ações ordinárias -com direito a voto-, que caíram 10,48% ontem, chegaram a perder 7,3% nesta quinta (29), mas tiveram leve recuperação e fecharam com queda de 1,85%, para R$ 8,47.
"As ações podem cair mais. Está todo mundo estressado para saber qual o valor que será atribuído às perdas por desvios e que a empresa não colocou no balanço. Os investidores querem saber também quando sairá o balanço auditado". afirma Raymundo Magliano Neto, presidente da corretora Magliano.
"Mas acredito nos papéis da Petrobras. Quando a empresa lançar o numero no balanço, os papéis devem ir bem", avalia.
Nesta quinta-feira, o diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, afirmou que o não pagamento de dividendos a acionistas é uma "alternativa que poderá ser considerada, dependendo da avaliação da situação financeira da companhia".
Já a presidente da estatal, Graça Foster, anunciou que vai cortar investimentos da companhia a ponto de reduzir a carteira de exploração de petróleo "ao mínimo necessário". Foster disse também que vai desacelerar o ritmo das obras do Comperj, refinaria em construção em Itaboraí, região metropolitana do Rio.
As ações da mineradora Vale também pesaram nesta quinta-feira. Os papéis preferenciais da empresa caíram 3,92%, para R$ 16,19. E as ações ordinárias fecharam o dia com queda de 4,75%, para R$ 18,05.
Para Magliano Neto, a desvalorização pode ser explicada pela queda do preço do minério de ferro, que está no patamar de US$ 63,30.
RESULTADOS
O dia foi marcado pela divulgação de alguns balanços. No setor financeiro, o Bradesco reportou lucro 25,6% maior em 2014 em relação a 2013, para R$ 15,089 bilhões. Também houve crescimento de 6,5% da carteira de crédito em 12 meses. Apesar do dado positivo, as ações do banco caíram 1,05%, para R$ 34,77.
O analista Carlos Daltozo, do BB Investimentos, avalia os números do Bradesco como positivos. "Este resultado só foi possível devido à aposta certeira que o banco fez na diversificação de suas fontes de receitas, diminuindo a dependência do crédito, e na melhoria dos indicadores de eficiência operacional, com rigoroso controle de despesas operacionais", diz em relatório.
Ainda no setor financeiro, os papéis do Itaú Unibanco fecharam o dia com baixa de 0,68%, para R$ 33,37, e as ações do Banco do Brasil caíram 2,09%, para R$ 21,55.
Já a empresa de meios de pagamento Cielo registrou lucro líquido de R$ 805,6 milhões de outubro a dezembro, alta de 11,4% em relação ao mesmo período de 2013. Em relatório, a Concórdia avalia que a performance da empresa no quarto trimestre foi positiva, "sobretudo tendo em contexto o difícil momento da atividade econômica e o acirramento da concorrência em seu segmento de atuação".
Os papéis da empresa fecharam o dia com alta de 2,84%, para R$ 40,22.
Por outro lado, a Ambev teve a recomendação elevada para compra ante neutra pelo Citi, o que fez as ações da companhia subirem 3,27%, para R$ 17,67.
CÂMBIO
O otimismo expressado pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano) em torno da recuperação da economia dos Estados Unidos fez com que o dólar encerrasse o dia em alta em relação ao real. O dado reforça as apostas de que o Fed vai aumentar os juros no país ainda este ano.
O dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou em alta de 1,33%, para R$ 2,613. O dólar comercial, usado em transações no comércio exterior, teve avanço de 1,35%, para R$ 2,612.
Para Fernando Bergallo, gerente de câmbio da TOV Corretora, ainda não é possível estimar quando o Fed elevaria os juros nos EUA.
"A ata do Fomc [comitê de política monetária do Fed] deixou dúvidas em relação a quando os EUA elevarão os juros. Embora o documento não tenha sido claro ao sinalizar quando isso vai ocorrer, os dados do mercado de trabalho e, principalmente, da inflação ainda não dão a base necessária para o Fed promover o aperto monetário.
Além disso, Bergallo atribui a alta desta quinta-feira ao aumento da aversão ao risco internacional, ligada a questões como a crise grega. "Mesmo que a economia da Grécia não tenha relação alguma com o Brasil, com o menor temor na Europa os investidores estrangeiros já correm para zerar suas posições em mercados emergentes, ou Bolsas de 'segunda linha'. Isso tem reflexo no câmbio", avalia.
O Banco Central deu continuidade ao seu programa de intervenções diárias no câmbio, por meio do leilão de 2.000 contratos de swap cambial (operação que equivale a uma venda futura de dólares). Foram vendidos 200 contratos para 1º de setembro e 1.800 para 1º de dezembro, com volume correspondente a US$ 98,4 milhões.
O BC fez ainda aquele que deve ser o último dos leilões de rolagem dos swaps que vencem em 2 de fevereiro, que equivalem a US$ 10,405 bilhões, vendendo a oferta total de até 10.000 contratos. Com isso, a autoridade monetária rolou cerca de 94% do lote total, dando continuidade à tendência dos últimos quatro meses de fazer rolagens praticamente integrais.