A necessidade de negociar um novo acordo automotivo com a Argentina para substituir o atual, que vence em junho, a preocupação dos empresários brasileiros e argentinos com a crescente presença chinesa na região e o retrocesso no comércio bilateral foram alguns dos temas tratados pelo chanceler Mauro Viera em sua passagem por Buenos Aires nessa quarta-feira (11). Foi a primeira visita oficial de Viera como ministro das Relações Exteriores – um gesto político para demonstrar que a Argentina tem importância “estratégica” para o Brasil.
Em um dia, Viera se reuniu com empresários e com os ministros das Relações Exteriores, Hector Timerman, da Economia, Axel Kicillof, da Indústria e do Comércio, Debora Giorgi, e do Planejamento da Argentina, Julio de Vido, além do chefe de gabinete da Presidência, Jorge Capitanich. Os dois governos decidiram realizar uma reunião de vice-ministros, para tratar dos principais temas da relação bilateral. Também ficou decidido que os chanceleres passarão a ter reuniões trimestrais.
O assunto que precisa ser resolvido rapidamente é a renovação do acordo automotivo. O último, que expira no dia 30 de junho, reativou o sistema flex, que limita as exportações brasileiras nesse setor à Argentina. Pelo dispositivo, o Brasil podia vender no máximo US$ 1,5 por cada US$ 1 importado da Argentina. Qualquer venda superando esse limite estava sujeita a um imposto de 35%.
Mas o comércio bilateral no sistema automotivo acabou sendo limitado pelos problemas econômicos nos dois países, que levaram a uma queda na produção e venda de veículos. Os argentinos querem mais benefícios no novo acordo – mas as negociações vão coincidir com o fim do segundo governo de Cristina Kirchner, cuja sucessão será disputada em outubro.
Três candidatos à sucessão da presidenta Cristina Kirchner vão explicar suas propostas em seminários organizados pela Fundação Getulio Vargas, no fim de marco e começo de abril. Foram convidados o governador da província de Buenos Aires, Daniel Scioli (o principal nome para candidato governista), o chefe de governo da cidade de Buenos Aires, Mauricio Macri (principal opositor), e o deputado Sergio Massa (que já foi aliado do governo e está hoje na oposição).